Por Douglas Ferreira
Certamente, muitas vezes, a vida agitada nas grandes cidades despertou em você o desejo de se refugiar em uma ilha isolada, longe do barulho e do cheiro do óleo diesel de ônibus e caminhões, nem que seja por uma semana ou duas. O estresse nas metrópoles está levando cada vez mais pessoas a buscar refúgio longe da agitação e do trânsito.
Se esse é o seu caso, leia com atenção esta matéria:
Hidra, uma ilha grega no Mar Egeu, é um lugar onde veículos foram proibidos há décadas. Entenda como as pessoas vivem e por que decidiram manter essa regra.
A duas horas de balsa do porto de Pireu, em Atenas, Grécia, encontra-se a ilha de Hidra, com uma área inferior a 50 quilômetros quadrados e uma população de menos de dois mil habitantes, segundo o último censo. Uma peculiaridade de Hidra é que o tempo parece ter parado. A população não se locomove de carro, mas a pé, em burros, mulas ou carruagens puxadas por cavalos.
Essa não é uma coincidência recente. A proibição de veículos motorizados foi oficialmente implementada na década de 1960 como parte de uma política estatal, resultado de esforços conjuntos das autoridades locais e da comunidade da ilha para preservar seu charme tradicional, suas paisagens naturais e seu ar puro. Além disso, a medida visa manter a tranquilidade do ambiente e promover um turismo de baixa escala e sustentável.
Com exceção de caminhões de lixo, caminhões de bombeiros e ambulâncias, nenhum veículo é permitido na ilha. O serviço de balsa e táxis aquáticos são as únicas opções de transporte para chegar à ilha. Devido à topografia íngreme, burros e mulas são os principais meios de transporte para percorrer escadas e vielas estreitas. O barulho das buzinas, muitas vezes considerado poluição sonora, é substituído pelo som dos cascos dos quadrúpedes batendo nas ruas de paralelepípedos.
A política de proibição de veículos foi implementada com o apoio da comunidade local desde o início, o que explica sua sustentação ao longo dos anos.
A vida em Hidra não é muito diferente de outras ilhas vizinhas à primeira vista. Mantém a arquitetura de edifícios baixos, fachadas brancas e telhados de barro vermelho, criando uma atmosfera perfumada com o cheiro de jasmim nas ruas. A natureza oferece praias e falésias.
O turismo é o motor econômico de Hidra, e muitos de seus habitantes, mesmo não nascidos na ilha, escolheram construir suas casas lá. Harriet Jarman é um desses casos, agora proprietária da Harriet’s Hydra Horses, uma empresa de passeios a cavalo na ilha.
“É uma ilha que nos transporta ao passado”, diz Harriet. “Todo o transporte nesta ilha é feito com cavalos ou mulas. Como não há carros, a vida de absolutamente todos é visivelmente mais calma.”
A ausência de tráfego de veículos contribui para uma vida mais saudável e segura. A redução significativa das emissões de poluentes melhora a qualidade do ar, reduzindo o risco de problemas respiratórios. Além disso, promove um ambiente mais tranquilo e descontraído, pois a exposição constante ao ruído pode levar ao estresse crônico e a outros problemas de saúde.
A vida sem trânsito de veículos também incentiva a atividade física, pois as pessoas são incentivadas a caminhar ou andar de bicicleta. Além disso, garante a segurança nas estradas, tornando as ruas mais seguras para pedestres e ciclistas.
Além de seu apelo turístico, a originalidade de Hidra atrai artistas e figuras políticas influentes. Henry Miller, Sofia Loren, Leonard Cohen e Jacqueline Kennedy Onassis são alguns dos notáveis que visitaram ou viveram na ilha ao longo dos anos.
Viver em uma ilha sem veículos não é apenas uma escolha prática; tornou-se uma parte integrante da identidade cultural de Hidra, onde burros, cavalos e mulas desempenham um papel crucial na vida cotidiana. Michael Lawrence, um pintor americano que se mudou para a ilha na década de 1960, destaca como a vida em Hidra desacelera, contribuindo significativamente para o processo criativo artístico.