Por Douglas Ferreira
É desalentador testemunhar a queda de posição de uma das mais proeminentes instituições de ensino superior do Brasil, a Universidade de São Paulo (USP). A recente diminuição de seu prestígio no ranking da QS reflete não apenas a decadência do ensino superior brasileiro, mas também a crise sem precedentes que assola nossas universidades.
O QS World University Rankings é uma classificação universitária anual publicada pela Quacquarelli Symonds (QS). As universidades são avaliadas a partir de um conjunto de 9 indicadores principais, que incluem dados bibliométricos de sua produção científica (indexada na base de dados Scopus) e a reputação junto à comunidade acadêmica e aos empregadores. Na edição 2025 (publicada em 2024) foram introduzidas três novas métricas: Sustentabilidade, Impacto de Egressos e Rede Internacional de Pesquisa. A USP figura na 92ª posição geral entre as 1503 instituições classificadas.
Enquanto a USP perde terreno no cenário internacional, mais de 100 universidades e institutos federais estão em greve, protestando contra as condições precárias de financiamento, infraestrutura e salários. O governo federal, em uma medida alarmante, retirou bilhões de reais da educação, agravando ainda mais a situação. Em abril, o corte já havia sido significativo R$ 4 bilhões, e agora esse novo golpe, mais R$ 2,8 bi, coloca em xeque o futuro da educação no país.
O ranking da QS coloca a USP em segundo lugar na América Latina, uma posição que, embora ainda respeitável, não reflete seu potencial completo. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também sofrem com quedas em suas classificações, refletindo a situação crítica enfrentada pelo ensino superior brasileiro como um todo.
É importante notar que a avaliação da QS leva em consideração uma variedade de critérios, desde produção acadêmica até reputação e empregabilidade. Embora a USP tenha se destacado em várias áreas, como reputação acadêmica e rede internacional de pesquisa, ela ainda enfrenta desafios significativos em áreas como proporção de professores por estudante e citações científicas.
Enquanto isso, as principais universidades do mundo continuam sendo dominadas por instituições dos Estados Unidos e do Reino Unido, destacando a disparidade entre o ensino superior brasileiro e o de países desenvolvidos. A lacuna entre o Brasil e os líderes mundiais em educação só se amplia, exacerbando ainda mais a crise educacional que enfrentamos.
Diante desse cenário sombrio, é crucial que a União e a sociedade brasileira reconheçam a importância vital do investimento na educação superior. Sem um compromisso sério com o financiamento adequado e a valorização de nossas instituições de ensino, o futuro do país corre sérios riscos.