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Publicado em: 20 junho 2024 às 07:58 | Atualizado em: 20 junho 2024 às 21:28

Unanimidade no Copom reflete união e foco no controle inflacionário; e pode estancar alta do dólar

Por Douglas Ferreira

Decisão do Copom pode evitar subida do dólar – Foto: Reprodução

O Conselho de Política Monetária (Copom), composto por dez jovens e distintos membros, demonstrou uma impressionante unidade ao tomar decisões focadas no controle da inflação. Esta harmonia só foi possível graças à independência do Banco Central na condução da política econômica do Brasil e à determinação do presidente Roberto Campos Neto. Embora atualmente enfrentando críticas, Campos Neto é amplamente respeitado e celebrado internacionalmente como um dos melhores presidentes de banco central do mundo.

Decisão unânime e impacto no dólar

Analistas destacam que a decisão unânime do Copom pode trazer alívio ao mercado cambial, estancando a alta do dólar. No entanto, esse alívio prolongado depende da condução da política fiscal pelo governo. A posição de todos os diretores, inclusive dos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que frequentemente criticam o Banco Central pelos juros elevados, foi um ponto de incerteza. Gabriel Galípolo, principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, também votou de forma conservadora, alinhando-se com os demais diretores.

Expectativas e política restritiva

A decisão do Copom de manter a taxa Selic em 10,50% por um período prolongado foi vista como uma medida cautelosa. O comitê introduziu um cenário alternativo que prevê que a inflação poderá se aproximar da meta de 3% em 2025 se os juros permanecerem estáveis até o fim do próximo ano. Essa abordagem visa estabilizar as expectativas de inflação e fortalecer a confiança do mercado.

Reações do mercado e perspectivas futuras

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, considerou positiva a indicação de que a política monetária permanecerá restritiva, essencial para restaurar a confiança do mercado. No entanto, ela ressalta que a política fiscal continuará sendo um desafio para o Copom. O comitê monitora atentamente os desenvolvimentos fiscais que impactam a política monetária e os ativos financeiros.

Desafios e oportunidades

Solange Srour, economista-chefe da UBS Wealth Management, destacou que o próximo movimento do Copom dependerá das medidas fiscais do governo. A decisão unânime deu ao governo um tempo adicional para desenhar e implementar políticas fiscais eficazes, mas esse tempo não é ilimitado.

A composição do Copom em 2025 e a continuidade da política de juros são questões que ainda geram incerteza. Fernando Gonçalves, do Itaú, e Carlos Lopes, do Banco BV, avaliam que, embora a decisão atual possa acalmar os mercados, a nova diretoria do Banco Central, com a possível entrada de membros alinhados com a política de redução de juros do governo, pode optar por uma trajetória de cortes.

Repercussão local

Embora esta questão divida opinições, a grande maioria do empresariado, inclusive, o piauiense entende que o Copom está no caminho certo.

“A decisão unânime do Copom pela manutenção da taxa de juros tem fundamento técnico e foi acertada. O desenvolvimento econômico continuado depende do equilíbrio fiscal e, infelizmente, a administração pública incorre novamente no erro de aumentar a carga tributária para obter o ajuste, quando há muito espaço para otimizar e reduzir gastos públicos”, analizou o empresário Marco Pinto.

Na mesma linha de reaciocínio, o empresário João Vicente Claudino, fez a seguinte leitura: “Foi uma decisão extremente sensata, até por ter sido unanime. Isso mostra sensatez e equilíbrio do Copom. Outro fator importante é que clima criado esta semana não contagiou ninguém, nem mesmo os diretores indicados recentemente. Isso reflete a independêcia do Conselho”.

Conclusão

A unidade do Copom e a firmeza na política monetária demonstram um compromisso claro com a estabilidade econômica. A determinação de Roberto Campos Neto e a independência do Banco Central são pilares essenciais para o controle da inflação, reconhecidos tanto no Brasil quanto no exterior. Enquanto os desafios fiscais permanecem, a condução prudente da política monetária oferece uma base sólida para o futuro econômico do país.