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Publicado em: 11 julho 2024 às 13:57 | Atualizado em: 11 julho 2024 às 18:02

UFPI concede honraria máxima à Niède Guidon a guardiã dos sítios arqueológicos da Serra da Capivara

Por Douglas Ferreira

Niède Guidon teve ainda o privilégio de ser condecorada em casa na cidade de São Raimundo Nonato – Foto: Reprodução

A arqueóloga e professora Niède Guidon é uma figura de renome mundial. Sua fama internacional começou com suas pesquisas e descobertas na Serra da Capivara, revelando o berço do homem americano. Guidon dedicou sua vida à pesquisa e preservação do maior complexo de sítios arqueológicos do Brasil. Sua trajetória inspirou músicas, livros e artigos em jornais e revistas tanto no Brasil quanto no exterior. Recentemente, uma nova espécie de ave da caatinga foi nomeada em sua homenagem. Agora, ela recebeu a maior distinção da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o título de Doutora Honoris Causa, concedido esta semana. Confira mais detalhes:

Niède Guidon recebe título de Doutora Honoris Causa da UFPI

Na manhã desta quarta-feira (10), a arqueóloga Niède Guidon foi agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Esta é a mais alta honraria concedida por uma universidade a personalidades notáveis que contribuíram significativamente para a cultura, educação ou humanidade. A cerimônia ocorreu em São Raimundo Nonato, a 520 km de Teresina, onde Niède reside.

Diferentemente das cerimônias convencionais, esta foi realizada na casa de Niède, com a presença do reitor da UFPI, Gildásio Guedes, e alguns representantes da comunidade acadêmica, especialmente do segmento de arqueologia, que foi profundamente impactado pelas pesquisas de Guidon na Serra da Capivara.

Reconhecimento e futuro

Niède Guidon expressou sua gratidão pela honraria, enfatizando a importância do reconhecimento de seu trabalho e ressaltando que ainda há muito a ser explorado na região. “É uma gentileza imensa receber este reconhecimento pelo meu trabalho, mas quem realmente merece isso é o homem pré-histórico, que deixou esse patrimônio fantástico na região da Serra da Capivara. Ainda há muitas áreas a serem completamente pesquisadas e um número fantástico de sítios arqueológicos a serem explorados”, afirmou.

O reitor Gildásio Guedes destacou a relevância do reconhecimento acadêmico do trabalho científico: “Este é um momento de preservar, reconstruir e construir o conhecimento aqui aplicado e o legado da doutora Niède. Estamos mostrando um trabalho científico, para que as pesquisas sejam ainda mais reconhecidas, agora no âmbito da Universidade, através da concessão deste título”, comentou.

Contribuições de Niède Guidon

Guidon foi homenageada por suas notáveis pesquisas arqueológicas no Piauí, que resultaram na descoberta de mais de 800 sítios pré-históricos e vestígios dos primeiros habitantes humanos da Terra. Os achados, incluindo pinturas rupestres em abrigos rochosos no Parque Nacional Serra da Capivara, levaram ao reconhecimento da área como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1991.

Baseada em suas descobertas e datações na Serra da Capivara, Guidon propôs a hipótese de que os humanos chegaram às Américas pela África, há cerca de 100 mil anos. Esta teoria desafia a visão tradicional que sugere que os humanos chegaram ao continente há aproximadamente 13 mil anos, vindos da Ásia através do Estreito de Bering.

Legado e homenagens

Niède Guidon trabalhou por cinco décadas na arqueologia, sendo diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e atualmente, presidenta emérita. Em 2018, também recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Seu legado continua a influenciar e inspirar a comunidade científica e o público em geral.