Por Douglas Ferreira, com informações Metrópoles
Donald Trump tornou-se o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado por um crime. O júri, reunido em Nova York entre quarta e quinta-feira (29 e 30), considerou o bilionário culpado por crimes relacionados à falsificação de registros contábeis para ocultar o suborno pago à atriz pornô Stormy Daniels.
Na quinta-feira, os 12 jurados, composto por sete homens e cinco mulheres, após ouvirem testemunhas e revisarem as provas relacionadas ao caso, consideraram Trump culpado por todas as 34 acusações criminais relacionadas ao contexto das eleições de 2016, quando ele teria tido um caso com a atriz em 2006. A decisão foi celebrada por políticos democratas e criticada pelos republicanos.
A pena, no entanto, será anunciada pelo juiz Juan Merchan somente em 11 de julho, mas são pequenas as chances de que o ex-presidente seja enviado para a prisão. Vale destacar que a sentença será anunciada apenas alguns dias antes da Convenção Nacional do Partido Republicano, onde será anunciado o candidato do partido para disputar as eleições deste ano.
Trump, ao final da sessão de quinta-feira, alegou que “o julgamento foi manipulado” e que teria havido uma armação por parte da administração do presidente Joe Biden. “O verdadeiro veredicto ocorrerá no dia 5 de novembro pelo povo, e eles sabem o que aconteceu aqui e todo mundo sabe o que aconteceu aqui”, afirmou em referência às eleições deste ano.
A condenação histórica do ex-presidente ocorre em meio à disputa eleitoral que polariza os Estados Unidos entre o candidato republicano, Donald Trump, e o candidato democrata, Joe Biden. Ainda assim, a legislação norte-americana não impede que Trump dispute a Presidência, mesmo tendo sido condenado por um caso envolvendo o pleito de 2016.
Vitor de Pieri, professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), considera que o impacto no eleitorado ainda é uma incógnita. Segundo ele, a condenação de Trump pode não resultar em grandes efeitos na corrida eleitoral, considerando fatores como a impopularidade de Biden e o contexto de “guerra cultural” nos Estados Unidos.
“O que possivelmente ocorrerá é o acirramento de uma disputa eleitoral extremamente polarizada, onde informação e desinformação transitam nos mais diversos meios de comunicação”, indica.
O professor sublinha que Trump responde a processos com temas muito mais delicados que esse, que envolvem a segurança nacional e a estabilidade institucional dos EUA. Trump responde por casos como a apropriação de documentos sigilosos da Casa Branca e o incentivo à invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.