Por Douglas Ferreira
Nunca antes na história se registrou tantos incêndios na Amazônia como atualmente, e o epicentro desse cenário desolador é, sem dúvida, o Estado de Roraima. Num território onde oito em cada dez focos de incêndio surgem, Roraima está sendo apelidada de “a terra do fogo”. Este Estado concentra quase 30% de todos os focos de calor registrados no país até 28 de fevereiro. O problema é resultado de uma estiagem severa, agravada pelo fenômeno El Niño, levando o governo federal a reconhecer a situação de emergência em 9 dos 15 municípios do Estado.
O Estado de Roraima está em chamas, com o fogo devastando residências, animais e vegetação. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esta é a pior queimada já vista no Estado nos últimos 25 anos. Apesar de sua pequena extensão territorial, pouco mais de 200 mil km², Roraima mantém desde o início do ano 30% de todos os focos de incêndio do Brasil, totalizando 2,6 mil pontos de queimada.
Os incêndios são desencadeados principalmente por dois fatores principais: a seca extrema, devido à temporada de chuvas abaixo do esperado causada pelo fenômeno El Niño, e as queimadas irregulares, comuns nesta época do ano para a limpeza de áreas de plantio e pasto. Com solo e vegetação secos, altas temperaturas e falta de chuva, os pequenos focos de incêndio rapidamente se alastram, somando-se às queimadas em toda a região.
Os moradores enfrentam uma atmosfera de fumaça, com o fogo avançando sobre áreas residenciais e consumindo casas. Em Boa Vista, a capital, as noites são marcadas por densas nuvens de fumaça provenientes de incêndios urbanos e rurais, além dos municípios vizinhos. Este é o maior volume de incêndios já registrado em Roraima desde 1999, quando o monitoramento de focos de calor teve início.
O ano começou com os incêndios já acima da média, e em fevereiro, com agravamento da seca e altas temperaturas, o número dobrou, configurando um cenário de caos. Até 28 de fevereiro, o Inpe registrava 2 mil pontos de incêndio no Estado apenas neste mês, marcando um recorde histórico.
Um levantamento do Greenpeace identificou uma conexão entre os incêndios florestais em Roraima e as queimadas controladas autorizadas pelo governo estadual, com 55 licenças ambientais emitidas para esse fim durante a seca severa.