Move Notícias

Publicado em: 3 outubro 2023 às 10:14 | Atualizado em: 3 outubro 2023 às 10:19

"Som da Liberdade": o filme que incomoda os defensores dos direitos humanos?

Por Douglas Ferreira

A pequena Rocío e o agente Tim protagonistas do Som da Liberdade – Foto: Reprodução

Na noite desta segunda-feira, dia 2, fui ao cine ver uma película que vem sendo hostilizada e até demonizada por alguns setores da sociedade e da política. O filme é “Som da Liberdade” que oferece uma janela chocante para uma realidade perturbadora: o tráfico sexual de crianças, um problema terrível e muitas vezes negligenciado em todo o mundo.

A história baseada em eventos reais, protagonizada pelo agente americano Tim Ballard, lança luz sobre as atrocidades cometidas por redes criminosas que exploram impiedosamente crianças em situações desumanas. Apesar dos cuidados que foram tomados pela direção o filme é impactante.

É um fato alarmante que o tráfico sexual, em particular o envolvendo crianças, tenha aumentado significativamente nos últimos anos, em grande parte devido ao uso da tecnologia, como a internet, por essas redes criminosas. A magnitude desse problema é assustadora e deve ser combatida com urgência.T

O filme também aborda a escravidão moderna, que afeta um número espantoso de pessoas em todo o mundo. Acredite, nos últimos cinco anos o tráfico de pessoas cresceu 5.000%, ou seja, existem mais pessoas escravizadas hoje do que em qualquer período da história. Mesmo na época em que escravizar não era uma atividade ilegal. Isso é uma lembrança sombria de que, apesar dos avanços na luta contra a escravidão ao longo dos anos, essa prática criminosa persiste em diferentes formas.

Miguel Aguilar, de 8 anos, irmão de Rocío e também protagonista do filme com Tim – Foto: Reprodução

A falta de discussão e conscientização sobre esses temas é preocupante. Embora a Organização das Nações Unidas reconheça a existência de 50 milhões de pessoas escravizadas no mundo, é vital que essas questões sejam mais amplamente discutidas e enfrentadas por governos, organizações internacionais, sociedade civil e indivíduos.

O silêncio ou a hostilização em relação ao filme e àqueles que falam sobre esses problemas são preocupantes e levantam questões sobre por que temas assim são tão difíceis de abordar.

É importante lembrar que o combate a essas redes criminosas é uma tarefa complexa e desafiadora, que exige a cooperação de várias agências governamentais e também organizações não governamentais. Além disso, a proteção e defesa dos direitos humanos devem ser uma prioridade absoluta para todos os países.

Brasil: o “silêncio” da liberdade?

Causa espécie a omissão e o silêncio das autoridades, atores e celebridades no Brasil diante desse filme que traz um tema atual e perturbador. Tão perturbador quanto a posição silente, por exemplo, do ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida. E igualmente de figuras carimbadas que se travestem de defensores dos direitos humanos, porém seletivamente.

Isso sem falarmos nos embaixadores do Unicef no Brasil. O Unicef trabalha com embaixadores em todo o mundo desde 1954. São artistas, atletas e outras personalidades que usam seu talento e reconhecimento para promover e defender os direitos das crianças e dos adolescentes. Só para lembrar de alguns dos nossos embaixadores do Unicef podemos citar: Renato Aragão, Daniela Mercury e Lázaro Ramos.

Quanto ao caso da Ministra Damares Alves, que denunciou o tráfico de crianças na região Norte do Brasil, é importante que as denúncias sejam investigadas com seriedade e que a justiça seja feita de maneira imparcial, sem politização. É inconcebível que ao invés de apurar a fundo as denúncias de uma então ministra de Estado, o Ministério Público Federal – MPF, tenha feito exatamente o contrário. O MPF ajuizou uma ação civil pública para que, a hoje senadora, Damares Alves (Republicanos) e a União indenizem a população do Marajó (Ilha onde segundo Damares as crianças são vítimas da exploração sexual), no Pará em R$ 5 milhões.

Em última análise, a luta contra o tráfico humano e a escravidão moderna é um imperativo moral e uma responsabilidade de todos nós. Precisamos continuar a conscientização, ação e apoio às vítimas, enquanto pressionamos por medidas mais eficazes e pela erradicação desses crimes abomináveis.