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Publicado em: 18 junho 2024 às 09:11 | Atualizado em: 18 junho 2024 às 09:11

Rubens Ometto declara que teme que o governo federal possa quebrar o Brasil

Por Douglas Ferreira

Rubens Ometto, presidente do conselho da Cosan – Foto: Reprodução

Nos diversos setores produtivos do Brasil, a insatisfação com as políticas do terceiro governo Lula tem se tornado cada vez mais palpável. O empresariado, que até recentemente mantinha uma postura de silêncio, começa a levantar sua voz contra a gestão econômica desastrosa. Não é apenas a oposição que critica; agora, até a mídia tradicional e os próprios empresários denunciam abertamente os erros, a sanha arrecadatória e a gastança desenfreada do governo.

Rubens Ometto: O porta-voz da insatisfação empresarial

A Revista Oeste destaca a fala contundente de Rubens Ometto, um dos industriais mais bem-sucedidos do país e dono da Cosan, o maior conglomerado do setor agro e de energia no Brasil. Conhecido por sua discrição e habilidade em dialogar com diferentes governos, Ometto decidiu romper o silêncio e criticar publicamente o governo Lula. Durante o Fórum Esfera Brasil, ele afirmou: “Se a irresponsabilidade fiscal, o atropelo das leis e a fúria arrecadatória continuarem, o governo vai quebrar o país”.

Ometto detalhou a situação crítica em seu discurso: “Do jeito que está, com o governo metendo a mão, querendo taxar tudo, e com os juros desse jeito, não dá”. Ele também questionou o arcabouço fiscal apresentado pelo governo, que ele descreveu como uma tentativa de aumentar despesas conforme a receita aumentasse, incentivando uma arrecadação desenfreada.

A sanha tributária e a desconexão com a realidade

A denúncia de Ometto reflete uma preocupação generalizada entre os empresários brasileiros. “O Poder Executivo, através da Receita Federal, da Procuradoria-Geral da União e da Fazenda, está mordendo pelas bordas”, afirmou, explicando como normas estão sendo alteradas de forma ilegal para maximizar a arrecadação. Este sentimento de frustração foi compartilhado por outros empresários presentes no Fórum, que aplaudiram de pé suas palavras.

A resistência ao governo se torna mais evidente à medida que empresários de diversos setores começam a se manifestar. “Estou quase aliviado de ter ouvido isso. Ometto deixou claro o mal-estar do empresariado. E a percepção de que o governo Lula, na verdade, ‘dilmou’”, afirmou um empresário que preferiu não se identificar.

Comparações históricas e o crescimento da insatisfação

A comparação com o período pré-revolucionário francês, quando os cidadãos expressaram suas queixas nos Cahiers de Doléances  (“Cadernos de Queixas”), destaca a profundidade da insatisfação atual. No Brasil de 2024, essas queixas se manifestam através das falas de empresários e executivos que geram a riqueza do país, mas que não aguentam mais sustentar um governo visto como parasitário e altamente perdulário.

Ometto não poupou críticas à interferência do governo no Judiciário. “Como a gente vai melhorar o nosso país se a autoridade máxima faz tudo para não obedecer às leis”, disse, acusando o Executivo de influenciar decisões judiciais para prejudicar as empresas.

A crise do governo e a reação empresarial

O discurso de Ometto foi um marco, simbolizando a crescente revolta do empresariado. Ele, que sempre manteve um relacionamento próximo com Lula, agora se vê obrigado a criticar abertamente o governo que ajudou a financiar. “O uso de palavras tão fortes não foi casual”, observou um executivo do setor de petróleo e gás, sugerindo que Ometto expressou o sentimento de muitos empresários.

A crise econômica é visível nos dados: a formação bruta de capital fixo caiu 3% em 2023, e a indústria recuou 0,1% no primeiro trimestre de 2024. Nem a nova política industrial lançada por Geraldo Alckmin conseguiu reverter a desconfiança dos investidores.

Medidas desesperadas e a falta de direção

O governo tem recorrido a medidas provisórias com claro cunho arrecadatório, muitas vezes atropelando princípios jurídicos básicos. A MP que proibiu a compensação do PIS/Cofins e a tentativa de reoneração da folha de pagamentos são exemplos de políticas que geraram uma unanimidade de críticas. “Essa medida foi uma bomba atômica econômica”, disse um empresário do setor de construção civil.

O futuro incerto

O descontentamento do empresariado é um sinal de alerta. Com uma política econômica que aumenta impostos e desrespeita leis, o governo Lula 3 enfrenta um horizonte cada vez mais sombrio. A saída de Fernando Haddad do Ministério da Fazenda, por exemplo, é vista como uma possibilidade real, dado o desgaste de sua imagem e a incapacidade de alcançar um equilíbrio fiscal.

O Brasil se encontra à beira de uma tempestade econômica, com a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) perdendo valor e a cotação do dólar batendo recordes. A percepção de que o governo precisa urgentemente mudar de rota é cada vez mais evidente. “Alguma coisa vai sair, a pressão começa a ser enorme”, observou Reinaldo Le Grazie, ex-diretor do Banco Central.

A capacidade do governo de reconhecer e corrigir seus erros determinará o futuro econômico do país. A insatisfação do empresariado pode ser apenas o início de uma reação em cadeia que exigirá mudanças profundas na gestão econômica e política do Brasil.