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Publicado em: 27 julho 2024 às 19:19 | Atualizado em: 27 julho 2024 às 19:21

Reviravolta nas investigações sobre o assassinato da enfermeira piauiense Jandra Mayandra em Fortaleza

Por Douglas Ferreira

A morte da enfermeira piauiense pode ter sido queima de arquivo – Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Ceará agora investiga se o diretor de uma fundação que administra hospitais onde Jandra Mayandra, de 36 anos, trabalhava, é o mandante de sua morte, ocorrida em maio passado em Fortaleza. A suspeita é que o crime foi motivado para “silenciar” Jandra, que possuía informações privilegiadas sobre fraudes na fundação.

Diretor de fundação sob suspeita

A investigação, divulgada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE), sugere que o diretor, responsável por contratar Jandra, apresentou “inconsistências” em seu depoimento. A morte de Jandra, ocorrida no Bairro Pirambu, periferia de Fortaleza, tem características de um assassinato encomendado, possivelmente para encobrir irregularidades na fundação que administra hospitais com recursos milionários.

A morte de Jandra Mayandra

De acordo com a polícia, Jandra Mayandra pode ter sido morta por possuir informações privilegiadas sobre fraudes na fundação. Os executores a seguiram desde seu local de trabalho, o Hospital Dr. Osvaldo Cruz até o local da execução. A polícia acredita que a morte da enfermeira foi uma tentativa de silenciá-la sobre o processo de investigação que envolvia a fundação.

Investigação e apreensão de evidências

O celular do diretor foi apreendido, e a Justiça autorizou a polícia a acessar seu conteúdo para investigar o crime. O relatório de investigação indica que o crime foi planejado e que houve uma divisão de tarefas entre os envolvidos. A ausência dos estojos de munição no local do crime sugere a ação de “assassinos profissionais”. Há também a suspeita de que policiais militares tenham levado as munições, conforme relatado por um agente presente na cena do crime.

Prisões e liberações

Em junho, quatro policiais militares foram presos por suspeita de envolvimento no crime, pois haviam consultado informações sobre a vítima no sistema da polícia. Os agentes foram soltos posteriormente. O Diário Oficial também registrou a restituição dos bens apreendidos dos PMs.

Irregularidades na fundação

A fundação administrada pelo diretor investigado gerencia vários hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no Ceará. Em 2020, o Ministério Público do Ceará desaprovou as contas da fundação de 2014 a 2017 devido a irregularidades na prestação de contas, desvio de finalidade e superfaturamento de bens e serviços.

Conflito de interesses e fraudes

A investigação revelou que proprietários de empresas prestadoras de serviços para a fundação eram também gestores da própria fundação, criando um claro conflito de interesses. Essas empresas pertenciam a familiares de um ex-prefeito de Juazeiro do Norte e incluíam até um deputado federal da época.

Recursos públicos e auditorias

A fundação já recebeu mais de R$ 440 milhões em recursos públicos de diversos municípios do Ceará. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) em 2020 encontrou várias irregularidades nas UPAs gerenciadas pela fundação, como transferências financeiras não autorizadas e contratações direcionadas a empresas ligadas ao grupo familiar do ex-prefeito.

Conclusão

As investigações continuam, com a polícia buscando esclarecer todos os detalhes sobre o assassinato de Jandra Mayandra e as fraudes na fundação. A complexidade e a gravidade do caso chamam a atenção para a necessidade de rigor e transparência na administração de recursos públicos.