Por Douglas Ferreira
As devastadoras consequências da tempestade que assolou o Rio Grande do Sul já tiraram a vida de mais de 100 pessoas, deixaram bairros e cidades inteiras em ruínas, onde as estruturas, ainda de pé, encontram-se submersas ou inundadas. Os danos são incomensuráveis, equiparáveis apenas aos estragos provocados por um conflito armado.
De fato, as cidades afetadas pelas enchentes assemelham-se a zonas de guerra, com relatos de grupos criminosos invadindo residências e estabelecimentos comerciais e empresariais para saquear. Em muitos bairros de Porto Alegre e Canoas, por exemplo, as facções criminosas ameaçam os voluntários que tentam socorrer os ilhados.
No entanto, há um aspecto dessa tragédia que recebe pouca ou nenhuma atenção: a devastação das áreas de cultivo. A agricultura familiar e o agronegócio foram igualmente atingidos.
O setor agrícola também foi duramente prejudicado pelas cheias, que destruíram plantações e afugentaram o gado. Bovinos, suínos e caprinos foram levados pelas correntezas, e pouco ou nada pôde ser salvo.
Produtores de todos os portes perderam tudo, e os prejuízos, sem dúvida alguma, alcançarão cifras bilionárias. Surge então a questão: quem arcará com essas perdas? A quem cabe a responsabilidade? Este é outro drama enfrentado pelos produtores gaúchos, que viram suas safras de soja e milho serem dizimadas pelas águas de um dia para o outro. Muitos perderam tratores, equipamentos agrícolas e colheitadeiras arrastadas pelas águas, além de sementes, produtos e grãos já colhidos.
Os impactos dessa tragédia nos preços dos alimentos no restante do Brasil são uma preocupação latente para comerciantes, empresários e governantes. A incerteza paira sobre a economia, enquanto o setor privado contabiliza prejuízos na casa do bilhão de reais apenas no Rio Grande do Sul. A agricultura responde pela maior parte dessas perdas, seguida pela indústria e pela pecuária. A situação é calamitosa, e medidas urgentes são necessárias para mitigar os danos.
A falta de energia elétrica e os bloqueios de estradas complicam ainda mais a situação, dificultando o acesso às propriedades rurais e a distribuição de insumos e ajuda humanitária. A retomada das atividades agrícolas e pecuárias é um desafio árduo, mas necessário. Os impactos dessas chuvas nas culturas, como arroz, soja e milho, terão reflexos não apenas na economia local, mas também na inflação de alimentos em todo o país.
Neste momento de dor e desespero, é fundamental que sejam adotadas políticas de crédito específicas para o Rio Grande do Sul, além de outras medidas que possam auxiliar na recuperação das áreas afetadas. A reconstrução será longa e árdua, mas a solidariedade e a união entre os gaúchos e todos os brasileiros serão fundamentais para superar essa tragédia e reconstruir o Estado mais uma vez.
Atualmente, é uma tarefa árdua calcular o tamanho dos estragos causados pelas chuvas torrenciais em todo o Estado. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) se aventura em uma estimativa preliminar.
Segundo a CNM, os danos na agricultura e pecuária, decorrentes das intensas chuvas que assolam o Rio Grande do Sul há vários dias, rondam os R$ 500 milhões. No entanto, é importante ressaltar que essa cifra pode variar exponencialmente, uma vez que apenas 25 dos 336 municípios que tiveram reconhecimento de Estado de Calamidade Pública, tanto em nível estadual quanto federal, forneceram dados sobre suas perdas.
No setor agrícola, as perdas alcançam aproximadamente R$ 423,8 milhões, enquanto na pecuária o montante chega a R$ 83 milhões.
Considerando o impacto total na economia do Estado, os prejuízos já ultrapassam os R$ 967,2 milhões.