Por Douglas Ferreira
Se Ramsés Ramos estivesse entre nós, poeta multifacetado (advogado, escritor, ensaísta, dramaturgo, músico, musicista, tradudor, assessor de imprensa, jornalista), nesta quinta-feira celebraria 61 anos, mas o rapaz nascido na Rua 13 de Maio, na Vermelha, Teresina, alçou voos para além o ‘além mar’. Em seu reencontro com terras estrangeiras, se deparou com a morte, uma despedida triste e insensata para uma mente tão fulgurante quanto a de Ramsés Ramos.
Ao percorrer meio mundo, explorou Cuba, fez morada em Praga, outrora Tchecoslováquia, hoje República Checa, e fixou residência em Madrid, desempenhando o papel de secretário na Organização Internacional de Jornalismo – OIJ.
Auto didata em línguas falava fluentemente vários idiomas (inglês, rfancês, italiano, espanhol, russo, techo, latim e grego. E estava estudando aramaico, hebraico e sânscrito). Só teve ensino formal em inglês. Era um leitor contumaz e costuma ler as grandes obras na língua original.
Representando a Organização, ao lado do presidente Armando Rolemberg, viajou incansavelmente, defendendo a profissão e os jornalistas em países conflituosos como Rússia, Iêmen e outros, onde o exercício da profissão era um risco latente. Virou um cidadão do mundo.
Ramsés, destemido e intransigente na defesa da profissão jornalística, correu riscos mortais, conforme confidenciou-me o jornalista Armando Rolemberg, anos após a sua morte. No entanto, encontrou a paz na hora derradeira. Ao retornar ao Brasil, após sua grandiosa jornada por Europa e África, radicou-se em Brasília. Trabalhou no escritório da ONU e, por fim, no Superior Tribunal de Justiça – STJ.
Em uma missão onde acompanhava o então presidente do STJ, ministro Pádua Ribeiro, em visitas a tribunais de Portugal, Polônia e Rússia, foi na fria Moscou, cidade que tanto amava, pela rica história representada em sua aquitetura e museus, que Ramsés transcendeu. Após realizar compras para a família (a esposa Arlinda e a mãe dona Arminda Bahury Ramos), ao chegar aos aposentos reservados a diplomatas, no Hotel Arbat, do governo Russo, tropeçou em caixas de presentes e, fatalmente, chocou-se contra um biombo de vidro. O jornalista teve um corte profundo no antebraço e outros no pulso e no pescoço.
Mesmo após tentativas de pedir socorro, assentou-se numa poltrona e exauriu até a morte. Descoberto no dia seguinte por Pádua Ribeiro, que estranhou o amigo e assessor não ter decido para o café da manhã, Ramsés, o cidadão do mundo, sucumbiu aos 36 anos.
Depois de dias agonizantes de amigos e familiares o corpo de Ramsés Ramos desembarcou no aeroporto Petrônio Portela em Teresina. O jornalista foi sepultado e descansa no Cemitério São José, na Matinha.
Viveu brevemente, mas o suficiente para construir uma obra monumental que, sem dúvida, o imortalizará. Ramsés Ramos, mente brilhante e prolífica, merece ser estudado no ensino formal do Piauí, um nome a ser exaltado, um referencial a ser contemplado, talvez até no ENEM. Aqui está, meu amigo Ramsés Ramos, minha sincera e justa homenagem, na esperança de que seu nome e legado nunca se apaguem, triunfando no panteão dos pró-homens.
Um abraço forte. E até nosso próximo encontro nos palácios celestiais!