Por Wagner Albuquerque
As vendas globais de armas, que cresceram consistentemente devido a conflitos em curso, experimentaram uma pausa em 2022, conforme apontado pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri). O relatório revela que as cem principais empresas de armamentos faturaram US$ 597 bilhões no ano passado, uma queda de 3,5% em relação a 2021, marcando o primeiro declínio desde a criação do ranking em 2015.
O declínio nas receitas, principalmente nos Estados Unidos e na Rússia, explica-se pela dificuldade em aumentar a produção devido à falta de mão de obra, custos crescentes, impactos da pandemia e interrupções na cadeia de suprimentos intensificadas pela guerra na Ucrânia. As empresas americanas lideram o ranking, mas viram suas receitas caírem em 7,9%, totalizando US$ 302 bilhões.
Na Europa, o faturamento das empresas listadas aumentou modestamente em 0,9%, atingindo US$ 121 bilhões. A guerra na Ucrânia impulsionou a demanda por materiais de guerra, beneficiando fabricantes europeus como a empresa polonesa PGZ, que registrou um aumento de 14% em suas receitas.
A falta de transparência nas empresas russas dificultou a avaliação de suas receitas, mas duas delas, Rostec e United Shipbuilding Corporation, registraram uma queda combinada de 12%, totalizando US$ 20,8 bilhões.
Empresas na Ásia, Oceania e Oriente Médio viram um crescimento claro nas receitas, impulsionado por condições de segurança desafiadoras e apoio governamental em países como China, Índia e Turquia. O relatório destaca a importância dos drones e sistemas automatizados nas guerras futuras, indicando que a quantidade de armamentos é crucial, e o Ocidente precisa se adaptar a essa realidade, especialmente evidenciado durante o conflito na Ucrânia.