Presidente nacional do PT e ministro da Justiça compartilham informações falsas sobre reportagem do Estadão que expõe relação entre a mulher de líder do Comando Vermelho e secretários do Ministério da Justiça.
No último domingo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Justiça, Flávio Dino, utilizaram suas redes sociais para disparar ataques e compartilhar informações falsas contra a jornalista Andreza Matais e o jornal Estadão. A motivação foi a reportagem que revelou a presença da mulher de um líder do Comando Vermelho em gabinetes do Ministério da Justiça.
Andreza Matais, editora-executiva de Política do Estadão, tornou-se alvo devido à sua liderança na divulgação da matéria, que expôs a relação da chamada “dama do tráfico amazonense” com secretários do Ministério da Justiça. Os ataques partiram não apenas da esfera política, mas também do youtuber Felipe Neto, que, posteriormente, apagou a postagem e se desculpou.
Palavra da ANJ
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) manifestou “repúdio e preocupação” diante dos ataques sofridos pelo Estadão e seus profissionais. Em nota divulgada nesta segunda-feira, a entidade condenou as tentativas de intimidação promovidas por líderes partidários, membros e apoiadores do governo, assim como por influenciadores.
A ANJ destacou que o uso de métodos de intimidação contra veículos e jornalistas é incompatível com valores democráticos e representa um desrespeito à liberdade de imprensa. Além disso, ressaltou a prática, característica de regimes autocráticos, de desviar o foco de reportagens incômodas por meio de ataques contra quem as apura e divulga.
Apoio dos colegas
A jornalista Andreza Matais recebeu amplo apoio de diversos profissionais da mídia e da sociedade civil. O economista Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, destacou a importância de lidar com divergências por meio de mais liberdade de imprensa, não menos. Outros jornalistas, como Milton Neves e Vera Magalhães, repudiaram os ataques, enfatizando a qualidade do trabalho de Andreza.
Ligações perigosas
A reportagem do Estadão revelou que a “dama do tráfico” teve acesso ao Ministério da Justiça e participou de reuniões com secretários. O ministério admitiu erro e alterou procedimentos, exigindo agora informações detalhadas sobre os participantes de reuniões com antecedência mínima de 48 horas.
A polêmica em torno da matéria evidencia não apenas a importância do jornalismo independente, mas também a persistência de tentativas de descredibilizar e intimidar jornalistas que buscam expor questões de relevância pública.
Redação Move Notícias