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Publicado em: 23 junho 2024 às 08:51 | Atualizado em: 23 junho 2024 às 10:46

Presidente do Supremo Tribunal Federal diz: 'Que mentir volte a ser errado'

Por Wagner Albuquerque

Presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Foto: Reprodução.

No último sábado (22), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, defendeu a regulamentação das plataformas digitais durante a abertura do Brazil Fórum UK, no Reino Unido. Barroso apresentou uma lista com dez pontos para uma agenda constitucional no Brasil, visando unir pessoas com diferentes visões de mundo. Entre os itens destacados estão a democracia, enfrentamento à pobreza, desenvolvimento econômico, educação básica, segurança pública, ciência e tecnologia, saneamento básico, habitação popular, livre iniciativa e proteção ambiental.

“Esse mundo das plataformas digitais acabou criando tribos que têm narrativas próprias e que já não compartilham mais os mesmos fatos. Isso é muito grave porque o ideal é que as pessoas formem as suas opiniões a partir de verdades relativas, mas pré-estabelecidas e nesse mundo das plataformas digitais as pessoas criam as suas próprias narrativas. Nós precisamos fazer com que mentir volte a ser errado de novo. Essa é uma transformação importante, de volta a um passado um pouco mais civilizado.”

Barroso ressaltou que no ambiente digital, as pessoas tendem a viver em “viés de confirmação”, onde leem apenas conteúdos que reforçam suas próprias opiniões, o que leva à radicalização. Ele criticou a criação de “narrativas próprias” nas plataformas digitais e defendeu que mentiras sejam reconhecidas como algo errado. Segundo o magistrado, é essencial que as pessoas formem opiniões baseadas em fatos verídicos e que a mentira volte a ser condenada socialmente.

O presidente do STF alertou que o mundo enfrenta uma “prova de fogo” para preservar a democracia, citando a ascensão da extrema-direita em vários países, o uso de discursos de ódio e desinformação, e a instrumentalização da religião para fins políticos. Barroso destacou que a democracia brasileira também passou por uma grande prova, enfrentando esses desafios.

Barroso ainda criticou a Câmara dos Deputados pela votação da urgência de um projeto que equipara a punição do aborto ao homicídio, uma demanda da bancada evangélica. Diante da repercussão negativa, o presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou que o tema será mais discutido antes de ir a plenário, com a formação de uma comissão representativa em agosto. Enquanto isso, a regulamentação das redes sociais, através do PL das Fake News, avança lentamente, sem progresso significativo nas discussões.