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Publicado em: 13 fevereiro 2024 às 09:25 | Atualizado em: 13 fevereiro 2024 às 09:25

Presidente de ONG segue desaparecida na Venezuela; entenda

Por Wagner Albuquerque

Rocío San Miguel foi presa em 9 de fevereiro quando estava prestes a embarcar em um voo no aeroporto Simón Bolívar. © Facebook

A advogada e presidente da ONG Controle Cidadão, Rocío San Miguel, está desaparecida há mais de cem horas. Ela foi detida na noite da última sexta-feira (9), no aeroporto internacional de Maiquetía (localizado em La Guaira, na Venezuela), por agentes venezuelanos da Direção-Geral de Contra-Inteligência Militar (DGCIM) e do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN).

Antes de embarcar em um voo internacional com a filha, Miranda Díaz San Miguel, Rocío San Miguel foi detida. A jovem comunicou o fato aos advogados e parentes. Na segunda-feira (12) à tarde, o advogado de Rocío San Miguel, Juan González, afirmou que a ativista sofreu um “desaparecimento forçado”. Ele disse que visitou vários locais de detenção na capital da Venezuela, mas não encontrou a advogada de 57 anos.

Juan González também relatou que cinco parentes de Rocío San Miguel estão desaparecidos: a filha Miranda, os irmãos Miguel Ángel e Alberto, o ex-marido Victor Díaz e Alejandro González. O advogado da ativista sumida entrou com um pedido de proteção para saber onde Rocío San Miguel está presa e qual tribunal foi responsável pelo caso.

“Conspiração”

Dois dias depois do sumiço de Rocío San Miguel, o procurador-geral Tarek Willian Saab anunciou, por meio de sua conta na rede social X, a prisão da advogada e presidente da ONG Controle Cidadão. “O Ministério Público comunica a detenção da cidadã Rocío del Carmen San Miguel Sosa por causa de uma ordem de prisão contra ela por estar supostamente envolvida e citada no plano conspiratório e tentativa de homicídio chamado ‘Bracelete Branco’, cuja finalidade era atentar contra a vida do líder do Estado, Nicolás Maduro, e de outros altos funcionários; assim como o ataque a várias unidades militares em San Cristóbal [no estado de Táchira] e outras instituições do país”, diz o texto oficial.

Na segunda-feira à tarde, mais de duzentas ONGs e cerca de 400 pessoas assinaram um documento exigindo a “libertação imediata da Defensora de Direitos Humanos Rocío San Miguel”. O manifesto ressalta que “é urgente recordar que o desaparecimento forçado é uma violação devido à negativa de agentes e autoridades do Estado de informar o paradeiro, (qual) o órgão de segurança encarregado, seu estado de saúde física”.

“Desaparecimentos forçados”

O texto destaca que “o padrão sistemático de desaparecimentos forçados temporários na Venezuela tem sido registrado por órgãos das Nações Unidas”. O governo dos Estados Unidos enviou uma mensagem pelas redes sociais denunciando que “a prisão de Rocío San Miguel, presidente da ONG Controle Cidadão, e de seus familiares na Venezuela, segue uma tendência alarmante de prisões aparentemente arbitrárias de atores democráticos. Nos juntamos à comunidade internacional no pedido de libertação de todos os presos políticos, ao fim da detenção dos seus familiares inocentes e ao retorno aos compromissos estabelecidos no Acordo de Barbados”, diz a declaração oficial.

Por sua vez, o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, descreveu San Miguel como uma pessoa “reconhecida e respeitada” e pediu sua “libertação imediata e o fim das perseguições políticas na Venezuela”.