Por Douglas Ferreira
O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, concedeu uma entrevista exclusiva à revista EXAME, cujas declarações continuam repercutindo amplamente no meio industrial em todo o Brasil. Entre outras afirmações, Roscoe destacou que “a melhor política industrial é acabar com a isenção para compras internacionais”, fornecendo insights impactantes e sugestões para o governo.
Na entrevista, Flávio Roscoe ressaltou que, “o Brasil enfrentou perdas significativas equivalentes ao gasto com o Bolsa Família devido à isenção”. Ele argumentou que, além da Nova Indústria Brasil, o governo poderia adotar medidas simples para impulsionar o crescimento da indústria nacional. Segundo Roscoe, uma das medidas principais seria o fim da isenção do imposto de importação para compras de até US$ 50.
Roscoe enfatizou que a isenção de impostos para compras em sites internacionais, como Shein, Shopee e AliExpress, é uma preocupação central para o setor produtivo brasileiro. Ele alertou que essa medida pode impactar negativamente o crescimento do país e resultar na perda de empregos. O presidente da Fiemg apontou que a isenção de compras de até US$ 50 resulta em um vazamento significativo do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em cerca de R$ 100 bilhões.
Além disso, Roscoe revelou que empresas internacionais estavam envolvidas em práticas fraudulentas no Brasil, utilizando a brecha de envio de mercadorias entre pessoas físicas para contornar o sistema tributário brasileiro. Ele enfatizou a necessidade de reverter a isenção o mais rápido possível para evitar impactos estruturais na economia do país e proteger as indústrias e empresas nacionais.
O presidente da Fiemg destacou ainda que, se a isenção não for revertida, as compras internacionais podem se tornar um hábito arraigado na cultura brasileira, desviando recursos do mercado interno para o varejo internacional e, consequentemente, para outros países. Ele ressaltou a importância de educar os cidadãos brasileiros sobre os impactos negativos dessa prática e destacou os prejuízos para o emprego, a educação, a saúde e os serviços públicos em geral.
“Se você me perguntar qual seria a política industrial mais efetiva no Brasil hoje, eu diria que é tributar imediatamente as empresas do Remessa Conforme. Porque a isenção mata o varejo, mata a indústria também. A isenção acaba com toda a cadeia produtiva, o canal de distribuição, o acesso e cultura de compra e os produtos industriai. Cria uma situação de competição não isonômica”, concluiu Roscoe.