Por Wagner Albuquerque
Nas eleições parlamentares de Portugal, realizadas no último domingo, dia 10, a Aliança Democrática saiu vitoriosa. A apuração quase completa das urnas revelou que a coalizão, que inclui partidos de centro-direita e um partido de centro-esquerda, conquistou 29,5% dos votos.
Em segundo lugar, o Partido Socialista alcançou 28,7% dos votos. Já o partido de direita Chega surpreendeu ao garantir mais de 18% da preferência dos eleitores, triplicando sua performance em relação às eleições de 2022.
Sob a liderança de André Ventura, o Chega promoveu uma campanha antiestablishment. Os conservadores focalizaram no combate à corrupção e nas críticas à imigração desenfreada.
Ventura proclamou o resultado eleitoral como um marco histórico. Em seu discurso, declarou o “fim do sistema bipartidário” que caracterizou a política portuguesa nas últimas cinco décadas. Nesse período, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata alternaram-se no poder.
As articulações pós-eleição em Portugal
A Aliança Democrática mostrou-se reticente em formar aliança com o Chega, o que sugere a possibilidade de um governo minoritário. Esse cenário mostra que o grupo vencedor pode ter dificuldades em aprovar projetos e em manter o apoio no Parlamento.
Nestas eleições, houve um aumento expressivo na participação eleitoral. Quase 65% dos eleitores votaram, em comparação com 51,5% em 2022.
O pleito deste ano foi convocado depois da renúncia do primeiro-ministro socialista, António Costa, em meio a investigações de corrupção. As questões predominantes durante a campanha eleitoral refletiram os desafios enfrentados pelo país, incluindo a crise habitacional, os salários baixos, a saúde precária e a percepção de corrupção generalizada.
Entenda o sistema político do país
O sistema político de Portugal é semipresidencialista. Lá, o presidente — que é o chefe de Estado — é eleito pelo voto popular e exerce um mandato de cinco anos.
O presidente eleito nomeia o primeiro-ministro quase sempre a partir destes critérios: 1) pela indicação do líder do partido mais votado na eleição parlamentar; ou 2) pela indicação da coligação com o maior número de assentos na Assembleia da República.