Por Wagner Albuquerque
Os consumidores estão parcelando mais compras em supermercados para garantir comida ou adquirir produtos caros. No entanto, especialistas não recomendam essa prática, pois pode levar a dívidas.
O parcelamento é uma forma do consumidor que teve a renda comprometida manter o padrão de compra, explica Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV. Ele alerta que a estratégia pode parecer vantajosa nos primeiros meses, mas cria uma bola de neve nas finanças pessoais.
“O que as pessoas estão ganhando não dá para suprir todas as necessidades mensais. Então, parcela-se. Só que esse parcelamento tem que ser feito com cuidado porque, se você consome hoje algo que vai pagar em dois, três meses, você fica com a renda comprometida nos meses seguintes”, explica o professor.
Parcelar alimentos pode reduzir o poder de compra ou levar à inadimplência se as parcelas forem insustentáveis. É importante ajustar o consumo ao orçamento para evitar dívidas.
Os preços dos alimentos têm subido mais que a inflação desde outubro de 2023, afetando mais as famílias de baixa renda, de acordo com o Ipea.
Espera-se que o governo federal consiga reduzir os preços dos alimentos, mas isso depende da reação dos comerciantes e da sociedade. É importante monitorar os preços e evitar compras quando os aumentos forem excessivos, aconselha Ricardo Teixeira.
“A sociedade está muito contaminada com a ideia de que o crédito pode resolver o endividamento. Então as pessoas vão tomando um crédito consignado para resolver o cartão de crédito, aí você cria uma ilusão”, explica.
Ione Amorim ressalta que os consumidores devem fugir do parcelamento de alimentos e remédios de uso contínuo para evitar um descontrole financeiro que gere dívidas. “Em três meses, você passa a pagar a soma das compras parcelas equivalente ao valor total de uma compra. O cartão gera uma falta impressão de que você tem mais recursos para gastar e o consumidor não é orientado a refletir sobre isso”, afirma.