Por Wagner Albuquerque
Em 4 de setembro do ano passado, as enchentes no Rio das Antas devastaram a centenária ponte de ferro conectando os municípios gaúchos de Farroupilha e Nova Roma do Sul. Na ocasião, o governo estadual se comprometeu a reconstruí-la até 2025, com um orçamento de R$ 25 milhões. Insatisfeita com o prazo, a comunidade local decidiu agir, estimando um custo seis vezes menor (R$ 6 milhões, 24% do valor que o governo iria gastar) e iniciando uma mobilização para arrecadar fundos. Exatos 138 dias depois, no último sábado, 20, os moradores inauguraram a ponte, carinhosamente batizada de Nossa Senhora de Caravaggio.
Tranquilo Tessaro, presidente da Associação Amigos de Nova Roma do Sul e um dos mobilizadores locais, expressou sua satisfação com a realização da obra. “Toda a economia do município depende dessa ponte”, destacou Tessaro à RBS TV, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul. A comunidade, através de diversas iniciativas, conseguiu arrecadar mais de R$ 7 milhões, superando a meta original de R$ 2 milhões provenientes apenas de contribuições de empresas locais.
A antiga ponte era vital para o transporte das uvas de Nova Roma do Sul para vinícolas em outras regiões do estado. Após as enchentes e diante do projeto governamental de R$ 25 milhões, a comunidade poupou R$ 16 milhões dos cofres públicos.
A destruição da ponte afetou não apenas a economia local, mas também a área da saúde, impedindo o acesso dos moradores de Nova Roma do Sul ao Hospital Beneficente São Carlos, em Farroupilha.
O prefeito de Nova Roma do Sul, Douglas Fávero Pasuch, enfatizou a importância do hospital para a comunidade. “Perdemos a ligação de 48 km para 98 km”, lamentou. “A produção de uva e peru, todos os insumos, passa por essa rodovia. A nossa cidade se desenvolveu em cima da rodovia.”
A iniciativa da população em bancar a reconstrução da ponte no Rio Grande do Sul destaca a importância da união coletiva em prol do bem comum. Em muitos casos, a manutenção de projetos pelo governo pode ser onerosa devido à burocracia e à corrupção existentes, tornando desafiador o alcance eficiente de objetivos públicos. A ação da comunidade em arcar com os custos da obra, economizando expressivos 76% em comparação ao projeto estatal, ressalta a eficácia da mobilização privada na superação de desafios. Este exemplo demonstra como a iniciativa privada pode desempenhar um papel crucial na implementação ágil e eficiente de projetos, promovendo um impacto positivo nas comunidades.