Por Wagner Albuquerque
O calor extremo no planeta continua à espreita. No mês passado, o mundo registrou o abril mais quente da história, de acordo com novos dados do Copernicus, o serviço de monitoramento climático da União Europeia. Esse registro marca 11 meses consecutivos de temperaturas globais sem precedentes, levando alguns cientistas a alertar que há fortes chances de 2024 superar 2023 como o ano mais quente já registrado.
Em abril, o mês foi 1,58 °C mais quente do que a média de abril desde a era pré-industrial e 0,67 °C acima da média de abril entre 1991 e 2020, revelou Copernicus. Partes da Ásia enfrentaram calor extremo, com escolas fechadas para milhões de crianças em Bangladesh, campos de arroz murchando no Vietnã e temperaturas de 43 °C durante as eleições na Índia. O calor nos oceanos também foi recorde pelo 13º mês consecutivo, com temperaturas da superfície do oceano atingindo 21,04 °C.
Os impactos nos sistemas marinhos são devastadores, incluindo um evento de branqueamento de coral em massa na primavera no hemisfério norte, que pode ser o pior já registrado. O calor global sem precedentes é impulsionado pelo aquecimento global, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, além do El Niño, um padrão climático natural. Mesmo com o enfraquecimento do El Niño, o mundo ainda vê um calor sem precedentes.
Zeke Hausfather, líder de pesquisa climática da Stripe e cientista de pesquisa da Berkeley Earth, estima que há uma chance de 66% de que 2024 seja o ano mais quente já registrado e uma chance de 99% de que seja o segundo mais quente. Ele destacou que, embora os países tenham concordado em restringir o aquecimento global a 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais, as violações temporárias são um sinal claro e alarmante da aceleração da mudança climática. O comportamento das temperaturas nos próximos meses ajudará os cientistas a entender se as altas temperaturas de 2023 foram um fenômeno temporário ou um sinal de um aquecimento mais rápido do que o previsto anteriormente.