Por Douglas Ferreira
O desmatamento da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil, alcançou níveis alarmantes, com o Estado do Piauí liderando essa preocupante estatística. Os dados divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica, nesta terça-feira (21), revelam que o Piauí foi responsável por 42% do desflorestamento total no país durante o período de 2022/2023. Surpreendentemente, dois municípios do Estado concentraram 95% da área desmatada, colocando-os no topo da lista dos 10 municípios com maiores áreas devastadas em todo o Brasil.
A devastação atingiu a marca de 6.192 hectares no Piauí, quase o dobro da segunda colocada, Minas Gerais, com 3.193 hectares desflorestados. Enquanto algumas regiões do país testemunharam uma redução significativa no desmatamento, o Piauí e outros três Estados — Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco — acumularam 90% do desflorestamento registrado nacionalmente.
A contraposição entre os Estados que viram uma diminuição e aqueles que enfrentaram um aumento no desmatamento reflete principalmente o crescimento das derrubadas em áreas de transição de biomas, como Cerrado e Caatinga, impulsionadas em grande parte pela expansão agrícola. No entanto, também está associada à aplicação inconsistente da Lei da Mata Atlântica nessas regiões.
Apesar do aumento alarmante do desmatamento, a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh) tomou medidas para conter a situação, embargando 99% dos alertas ilegais de desmatamento em áreas de mata atlântica no Estado. A redução de 5% no desmatamento total do Estado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Mapbiomas Alerta, indica esforços significativos em meio a um cenário desafiador.
É essencial uma ação coordenada entre os governos estaduais, federal e a sociedade civil para enfrentar esse grave problema, protegendo um dos biomas mais importantes do país. E também, buscando soluções sustentáveis para o desenvolvimento regional.