Por Wagner Albuquerque
A Pernambucanas, rede centenária da família Lundgren, está encerrando suas operações na categoria de celulares e smartphones, um dos segmentos em que a varejista de moda, cama, mesa e banho buscou diversificar suas receitas. A decisão vem como resposta à competição desleal com o mercado cinza, que comercializa produtos que entram ilegalmente no Brasil, como smartphones e celulares.
A Pernambucanas confirmou em nota a “saída gradual” da categoria de telefonia celular de seu portfólio de produtos. Em comunicado, a empresa afirmou que este movimento faz parte de uma estratégia contínua e ampla de negócios, visando eficiência e investimentos em produtos de maior margem e retorno. A decisão resultou no fechamento de algumas unidades e na “adequação do seu quadro de colaboradores”, com a rede oferecendo apoio aos funcionários afetados.
A medida impactará cerca de 400 quiosques ou espaços dedicados à categoria de celulares nos pontos de venda da Pernambucanas. Atualmente, a rede possui mais de 500 lojas distribuídas em 340 cidades do país. Analistas de mercado apontam que o modelo de lojas físicas para celulares está se tornando inviável, já que muitos consumidores preferem comprar online onde os preços são mais baixos.
A migração dos consumidores para lojas virtuais, impulsionada pela pandemia e pela busca por preços mais acessíveis, estabeleceu uma conexão com o mercado cinza, identificado como o “grande vilão” para a saída da Pernambucanas da categoria. Dados de um estudo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica (Abinee) mostram que a fatia dos celulares do mercado cinza vendidos no Brasil aumentou de 10% em 2022 para 25% no último trimestre de 2023, totalizando 6,2 milhões de unidades.
Além do impacto do mercado cinza, muitos fabricantes estão investindo na venda direta em canais digitais, muitas vezes com preços mais acessíveis. A Pernambucanas, que já teve destaque na venda de celulares, agora decide focar em seu negócio principal, cujos produtos têm margens mais atrativas. Essa mudança ocorre após a nomeação de Marcelo Labuto como novo CEO, substituindo Sérgio Borriello, com o objetivo de expandir a operação da Pefisa, braço de produtos e serviços financeiros da empresa.