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Publicado em: 16 maio 2024 às 14:30 | Atualizado em: 16 maio 2024 às 14:32

Pedra do Ingá: O enigma das inscrições rupestres paraibanas

Por Douglas Ferreira

A Pedra do Ingá expõe 24 metros de inscrição rupestres – Foto: Reprodução

Se você nunca ouviu falar da Pedra do Ingá, prepare-se porque nós vamos te levar numa viagem incrível. Vamos te conduzir até o agreste paraibano, onde você vai conhecer uma história fascinante. A palavra “ingá” é de origem indígena e significa “embebido, ensopado”, uma referência à sua polpa aquosa.

Localizada no pequeno distrito de Pedra Lavrada, a Pedra do Ingá guarda um mistério que desafia pesquisadores e curiosos há décadas. Essa formação rochosa, exibe dezenas de imagens rupestres esculpidas ao longo de seus 24 metros de comprimento.

As incrições podem ser vistas nas laterais e em cima do bloco de pedra – Foto: Reprodução

As figuras parecem desafiar a compreensão humana, mas estudos comparativos revelaram semelhanças entre algumas inscrições encontradas aqui e os desenhos feitos pelos povos da Ilha de Páscoa, no oceano Pacífico, na costa do Chile.

Origem do Nome “Itaquatiara”

O termo “itaquatiara” tem origem na língua tupi: “itá” (pedra) e “kûatiara” (riscada ou pintada). De acordo com a tradição, quando os índios potiguares foram questionados pelos colonizadores europeus sobre os sinais inscritos na rocha, eles utilizaram esse termo para descrever a pedra.

A pedra fica submersa com as cheias do rio Bacamarte – Foto: Reprodução

Há diversas teorias que tentam explicar os enigmáticos desenhos da Pedra do Ingá. Alguns argumentam que serviam para transmitir ensinamentos das gerações mais antigas para as mais novas. Outros especulam que as figuras foram feitas com seixos, pedras arredondadas encontradas nos riachos locais.

Essa última teoria ganhou força quando um pesquisador conseguiu reproduzir um desenho semelhante aos originais usando uma pequena pedra da região.

Além dessas suposições, há quem defenda teorias mais ousadas, como a autoria dos desenhos por extraterrestres ou pelos incas, que, segundo alguns, dominavam a técnica de esculpir em pedras.

A cabeça de Baleia é um dos atrativos do Museu de História Natural – Foto: Reprodução

Independentemente da origem e significado, as figuras guardam informações importantes sobre o cotidiano do homem pré-histórico que habitou a região, e estar diante dessa preciosidade é um privilégio de poucos.

A Pedra do Ingá foi o primeiro sítio arqueológico brasileiro a receber proteção, mas a estrutura turística ao redor ainda é bastante básica. No local, o visitante vai encontrar apenas, o prédio do Museu de História Natural, com objetos fósseis e a réplica de uma múmia. Além de uma pequena lanchonete que funciona somente pela manhã estão disponíveis ao turista.

Outro atrativo do Museu – Foto: Reprodução

As inscrições rupestres estão concentradas nas paredes da rocha, mas também podem ser encontradas no chão e sobre a grande pedra. Expostas às intempéries, as inscrições sofrem com as ações do tempo e, sobretudo, quando o rio Bacamarte transborda e encobre a todo maçiço rochoso.

Apesar disso, os desenhos resistem ao abandono e persistem há séculos dando fama ao lugar. O principal problema é que moradores e visitantes utilizam o sítio arqueológico como área de lazer. E sem nenhuma vigilância adequada a Pedra do Ingá fica exposta e vulnerável à ação humana que pisa e agride as inscrições.

Como visitar a Pedra do Ingá?

A Pedra do Ingá está localizada a 87 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba. É possível acessar o lugar pela BR 230. Na rodovia, moto-táxis podem levá-lo até a Pedra do Ingá ao custo de apenas R$ 15. A viação Rio Tinto faz o trajeto entre João Pessoa e o Centro de Ingá, com passagem a R$ 18.

De carro, a partir de João Pessoa, é só pegar BR 230 até o quilômetro 118 e, em seguida, a rodovia estadual PB 095 por mais cinco quilômetros até Ingá. O distrito de Pedra Lavrada fica a seis quilômetros do Centro da cidade. Todo o trajeto é feito por estradas asfaltadas e muito bem sinalizadas.

E então, se interessou. Pois, bem, afivele as malas e boa viagem. Esta é o que se pode chamar de uma aventura incrivel.