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Publicado em: 13 junho 2024 às 18:48 | Atualizado em: 13 junho 2024 às 18:50

Pantanal Mato-Grossense: A tragédia por traz das queimadas que devastam a maior planície alagável do mundo

Por Douglas Ferreira

Nada escapa ao poder destrutivo do fogo – Foto: Reprodução

O Pantanal Mato-Grossense, conhecido por sua exuberante biodiversidade, enfrenta uma tragédia ambiental sem precedentes. Com mais de 1.600 focos de incêndio registrados, o que antes era um cenário verdejante e cheio de vida agora se transformou em um vasto cemitério de cinzas e carcaças de animais silvestres. Macacos, jacarés e até onças-pintadas estão entre as vítimas das chamas, deixando um cenário desolador e deprimente.

Essa é uma imagem emblemática do corpo de macaco calcinado em Corumbá (MS), no pantanal – Foto: Ueslei Marcelino/Ueslei Marcelino – 11.jun.2024/Reuters

Os incêndios, que têm incinerado mais fortemente cobras e macacos, são uma visão triste de uma tragédia ambiental que se agrava a cada dia. A falta de ações efetivas por parte das autoridades nas três esferas de poder agrava ainda mais a situação. Em 2020, as chamas mataram cerca de 17 milhões de vertebrados na região, e este ano promete ser ainda pior.

O Pantanal em chamas

As carcaças incineradas de animais pontilham as extensões carbonizadas do Pantanal. Ao cair da noite, uma torre de fumaça ilumina o céu, sem descanso para o fogo ou para os animais que tentam desesperadamente fugir da fogueira viva que se agiganta pela planície pantaneira.

Segundo declaração de Delcio Rodrigues, diretor do Instituto ClimaInfo, à Folha de São Paulo, a magnitude das queimadas é tão grande que os animais não têm tempo ou espaço para escapar.

“Como a queimada é de uma proporção muito grande, não dá tempo de eles fugirem e às vezes nem têm para onde fugir”, explica.

O fenômeno climático El Niño, exacerbado pelas mudanças climáticas, secou os rios da região e interrompeu as inundações sazonais habituais, deixando o ecossistema extremamente vulnerável aos incêndios. De janeiro ao início de junho de 2024, os focos de incêndio no bioma aumentaram 974% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados do Programa de BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Impactos devastadores

Este ano está se encaminhando para superar 2020 como o pior já registrado em termos de incêndios florestais no Pantanal. Em 2020, as chamas mataram cerca de 17 milhões de vertebrados, de acordo com um estudo publicado na Scientific Reports. O Pantanal, um patrimônio mundial da Unesco que abrange uma área com mais de duas vezes o tamanho de Portugal, é lar de uma infinidade de espécies, boa parte ameaçada de extinção, incluindo a maior espécie de onça-pintada do mundo, a anta e o tamanduá-bandeira.

Especialistas alertam para os riscos que essas populações enfrentam à medida que a região entra na estação mais propensa a incêndios florestais, geralmente com pico em setembro.

“Tudo isso, quer dizer, a mudança climática mais as queimadas, acaba mudando completamente o ambiente e, a longo prazo, levando à redução da biodiversidade e perda de habitat”, alerta Rodrigues. E acrescebnta: “Os animais selvagens não têm para onde ir.”

Além da devastação ambiental, há perda de qualidade do solo e impactos significativos para a saúde humana, com múltiplas consequências negativas decorrentes dessa situação.

Conclusão

A tragédia que se desenrola no Pantanal é um alerta urgente sobre a necessidade de ações eficazes para combater as queimadas e proteger o meio ambiente. Pouco ou nada tem sido feito nesse momento. A inação ou respostas insuficientes das autoridades não só perpetuam a destruição de um dos ecossistemas mais ricos do mundo, mas também ameaçam a vida de milhões de animais e a saúde da população humana local.