Os juros futuros começaram um ciclo de queda especialmente a partir de abril, quando a inflação começou a dar sinais de desaceleração
Os juros futuros de curto prazo sofreram uma queda significativa nesta quinta-feira (3). Foi após o Comitê de Política Monetária – Copom, realizar o primeiro corte da Selic (taxa básica de juros do Brasil) em três anos.
Antes do anúncio desta semana, as curvas de juros futuros já refletiam a expectativa do mercado sobre os cortes da Selic. Isso impulsionou a Bolsa brasileira no último mês, com projeções de alta do Ibovespa.
Os juros futuros são uma representação da expectativa sobre como estarão as taxas de juros brasileiras nos próximos anos. Eles servem como referência para captação de crédito em todo o país.
Na tomada de um financiamento de longo prazo, por exemplo, a taxa de juros utilizada é a da curva para o período de quitação, não o nível de juros do momento da assinatura do contrato. Isso oferece mais segurança para quem realiza esse tipo de operação.
Esses contratos são negociados na Bolsa de Valores brasileira como compromissos de compra ou venda de ativos financeiros em prazos definidos previamente, como um, cinco ou dez anos.
As taxas dos juros futuros são formadas com referência à taxa de empréstimos com vencimento em um dia, que os bancos realizam entre si através da emissão de Certificados de Depósitos Interbancários – CDIs. Por esse motivo, os juros dos contratos futuros são conhecidos como “taxa DI” no mercado.
Ao negociar os juros futuros, o mercado obtém uma estimativa da taxa de juros em um determinado período, levando em conta a percepção do risco de não receber o valor emprestado ao longo do tempo. Isso fornece mais segurança em operações de investimento de longo prazo.
Portanto, as curvas de juros futuros geralmente antecipam as decisões do Copom sobre a Selic. Se as projeções indicam uma queda de juros até o final do ano, por exemplo, os contratos com vencimento em janeiro de 2024 tendem a refletir essa expectativa de maneira mais intensa.
O ciclo de queda dos juros futuros teve início em abril, quando a inflação começou a desacelerar. Com a redução dos preços, os investidores passaram a apostar em uma queda da Selic ainda neste ano, e as curvas de juros futuros refletiram essas projeções.
A aprovação de projetos como a reforma tributária e o arcabouço fiscal também contribuíram para a queda dos juros, pois reduziram a percepção de risco dos investidores e do próprio Banco Central em relação à política fiscal do país.
Após o corte maior que o esperado nesta semana, as curvas de juros de curto prazo, com vencimento em 2024 e 2026, tiveram uma nova redução significativa, com os investidores apostando em cortes da mesma magnitude até o final do ano.
Essas projeções, se confirmadas, podem impulsionar uma queda ainda maior nas curvas futuras, refletindo as perspectivas otimistas para a economia brasileira em 2023.
A expectativa de queda de juros beneficia as empresas brasileiras, pois reduz os custos de financiamento e facilita o acesso a recursos para investimentos. Além disso, a redução nos juros torna a renda fixa brasileira menos atrativa para os investidores, que tendem a alocar seus recursos em outras aplicações, incluindo a renda variável, o que pode beneficiar a Bolsa.
Entretanto, a expectativa de redução dos juros também pode afetar o câmbio, pois juros menores tornam a moeda brasileira menos atrativa para os investidores estrangeiros. Isso pode levar à desvalorização do real, como ocorreu após o último corte da Selic.
Além disso, a redução dos juros futuros também diminui o custo de operações de crédito e empréstimo no país, o que pode beneficiar os consumidores e as empresas. No entanto, os juros altos também aumentam a desigualdade social, pois beneficiam os investidores que vivem de renda, enquanto pesam mais sobre as classes mais vulneráveis.
Redação Move Notícias