Por Douglas Ferreira
O cenário na Venezuela tomou um rumo ainda mais sombrio com as ações de Nicolás Maduro, nesta segunda-feira, 29. A autoproclamação de sua vitória em uma eleição marcada por ameaças de guerra civil e derramamento de sangue, caso ele perdesse, é apenas a ponta do iceberg. Maduro barrou a candidatura dos principais adversários, impediu a votação de eleitores contrários dentro e fora do país e, sem esperar a conclusão da contagem dos votos, se declarou vencedor.
Reação internacional
Em resposta, uma coalizão considerável de países democráticos e até mesmo algumas nações socialistas da América do Sul, como o Chile, declararam que não reconhecem a legitimidade das eleições venezuelanas. Em um movimento drástico, Maduro decidiu expulsar os embaixadores de sete países, aprofundando ainda mais o isolamento da Venezuela no cenário global.
A decisão de Maduro
Nicolás Maduro anunciou a expulsão imediata dos embaixadores dos seguintes países: Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai. Segundo o regime chavista, essas nações fazem parte de um “grupo de governos de direita subordinado a Washington (Estados Unidos)”. O governo bolivariano afirmou que irá combater todas as ações que “atentem contra o clima de paz e os esforços do povo venezuelano”.
Contestação dos resultados
Os sete países, em uma carta conjunta, exigiram a verificação da autenticidade dos resultados eleitorais e pediram uma contagem transparente dos votos. Eles também solicitaram uma reunião urgente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Protestos e repressão
A reação interna foi imediata. Cidades por toda a Venezuela registraram protestos contra Maduro após o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ligado ao regime, declarando a reeleição do ditador, mesmo sem a conclusão da apuração. Vídeos nas redes sociais mostraram “panelaços” em Caracas, que se estenderam ao longo do dia, e manifestações nas ruas com pneus queimados e confrontos com as forças de repressão do regime.
Em Puerto La Cruz, uma multidão tomou as principais vias da cidade em repúdio à ditadura, enquanto no Estado de Fálcon, manifestantes derrubaram uma estátua de Hugo Chávez, antecessor de Maduro.
A repressão de Maduro aos protestos de rua é violenta. Fala-se em mais de 760 presos e pelo menos duas mortes até o anoitecer desta segunda-feira, 29.
Conclusão
Com a Venezuela ainda mais isolada internacionalmente e enfrentando um aumento na repressão interna, a crise econômica e política no país só tende a se agravar. As ações de Maduro estão afastando a Venezuela do resto do mundo civilizado e democrático, aprofundando um isolamento que terá consequências devastadoras para o futuro do país.