Por Douglas Ferreira com informações G1
O ditado popular diz que “contra fatos não há argumentos”, e quando se trata de números, a verdade se impõe. Recentemente, o dólar tem subido continuamente, trazendo consigo um aumento na inflação. Esse movimento de alta do câmbio e da inflação não seria tão preocupante se fosse causado por tendências de mercado ou inovações.
No entanto, o que estamos vendo é um reflexo direto das declarações polêmicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Suas falas impulsivas têm tido um impacto negativo no mercado, trazendo sérias consequências para a economia. Os economistas sabem disso, o ministro da Fazenda sabe disso, e seus assessores também. Então, por que Lula continua criticando o Banco Central e atacando seu presidente, Campos Neto?
Entenda o cenário: Dólar dispara novamente, com alta de 15% no primeiro semestre de 2024; Ibovespa está em queda.
Nesta sexta-feira, 28 de junho, o dólar fechou em alta, atingindo R$ 5,5884, seu maior valor desde janeiro de 2022. A moeda americana acumulou um aumento de 15% no primeiro semestre de 2024. Esse movimento foi intensificado após Lula declarar que os juros no Brasil “vão melhorar” quando ele nomear o próximo presidente do Banco Central.
Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos, explica que essas declarações geram incertezas no mercado, que teme uma redução forçada na taxa Selic pelo futuro presidente do BC.
Além disso, o Banco Central divulgou um déficit primário de R$ 63,9 bilhões para o setor público em maio, exacerbando a preocupação fiscal. O índice de preços PCE, indicador de inflação preferido do Federal Reserve, mostrou uma leve desaceleração, mas o foco interno foi nas declarações de Lula.
Veja o resumo dos mercados:
Dólar: O dólar subiu 1,46%, fechando a R$ 5,5884. Acumulou:
- Avanço de 2,71% na semana
- Ganho de 6,46% no mês
- Alta de 15,17% no ano
Ibovespa: O Ibovespa caiu 0,32%, aos 123.907 pontos. Acumulou:
- Alta de 2,11% na semana
- Ganhos de 1,48% no mês
- Perdas de 7,66% no ano
José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, explica que as críticas de Lula ao Banco Central aumentam a percepção de risco e sugerem uma politização da política monetária. O déficit público crescente e a falta de ajustes fiscais também pressionam o câmbio, elevando o dólar.
O IBGE informou uma taxa de desemprego de 7,1% no trimestre encerrado em maio, com 7,8 milhões de pessoas desocupadas, uma queda de 8,8% em relação ao trimestre anterior.
Nesta semana, Lula criticou novamente o Banco Central e os investidores, gerando mais instabilidade no mercado. Ele prometeu que não tomará medidas que afetem o salário mínimo ou benefícios sociais, mas as incertezas permanecem.
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou que as críticas de Lula dificultam o controle da inflação e que o BC não vê necessidade de intervir no câmbio para conter a alta do dólar. Ele defendeu a separação entre a política de juros e as medidas cambiais.
No cenário externo, o índice PCE nos EUA avançou 0,1% em maio, dentro das expectativas, enquanto os pedidos de seguro-desemprego recuaram. A alta nos juros americanos torna mercados emergentes como o Brasil menos atraentes, impactando o real.
Lula continua a atacar a política monetária, enquanto o mercado reage com preocupação às suas declarações. A economia brasileira enfrenta um cenário desafiador, com o dólar em alta e a inflação pressionada, exacerbados pelas falas do presidente.