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Publicado em: 24 agosto 2023 às 11:10 | Atualizado em: 24 agosto 2023 às 14:35

O impacto do agronegócio na Economia

Por Valmir Falcão

O Conselho Regional de Contabilidade do Piauí – CRC PI em parceria com outras entidades, em especial o Conselho Regional de Economia – CORECON PI está promovendo um seminário Contabilizando o Conhecimento – Agronegócio no campus da UFPI em Bom Jesus, na próxima sexta-feira, dia 25, onde faremos uma palestra cujo tema é o impacto do agronegócio no Estado do Piauí.

O agro já é responsável por 25% do PIB em 2022, com investimentos em tecnologia para se manter entre os maiores exportadores mundiais em alimentos e fibras, tudo através da modernização da produção agrícola. As mudanças e investimentos realizados nos últimos 40 anos transformaram o agronegócio no Brasil em um dos pilares da economia e do desenvolvimento do país.

Além do seu impacto local, no Estado do Piauí já e destaque na pauta de exportações, o setor também trouxe protagonismo à produção agropecuária brasileira frente ao cenário internacional. Hoje o Brasil consolida-se como um dos principais players do mercado global de produção e exportação de alimentos.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1977, o país produzia cerca de 46 milhões de toneladas de grãos.

Em comparação, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que somente na safra 2022/23 o país produza mais 300 milhões de toneladas de grãos. Isso significa que nos últimos 40 anos, o Brasil aumentou sua produção de grãos em mais de 500%. Nesse mesmo período, outros produtos agropecuários brasileiros, como frango, leite e fruticultura, também apresentaram um crescimento significativo.

Além de reforçar a posição do país no ranking de produção mundial de alimentos, esses dados indicam que investir em conhecimento, inovações e tecnologias no campo, é a solução ideal para superar desafios e aumentar a produtividade do produtor de grãos.

O agronegócio brasileiro se supera ano após ano, posicionando o país como uma das potências mundiais do setor e grande produtor e exportador de diferentes produtos, como soja, milho, celulose, café, carne bovina e de frango, açúcar e suco de laranja.

Apesar do início da diversificação, a agropecuária brasileira não apresentava muita inovação em meados do século passado. Prevalecia o trabalho braçal. Naquela época, menos de 2% das propriedades rurais contavam com máquinas agrícolas. O agronegócio no Brasil iniciou uma fase de modernização entre 1960 e 1970.

Um marco foi a criação da Embrapa em 1973, que, com o tempo, estabeleceu unidades de pesquisa em diferentes regiões do país, trabalhando com variadas culturas. Esse foi um passo fundamental para fomentar a reestruturação produtiva no campo, por meio da incorporação de tecnologias e da expansão agrícola para novas fronteiras, como o Cerrado.

Um dos frutos desse processo de desenvolvimento do agro brasileiro foi a adesão a métodos agrícolas que melhoram a qualidade do solo. Nos estudos da Embrapa, praticamente não existiam pesquisas no país. Faltavam conhecimentos sobre solos e variedades, eram escassas as recomendações de manejos e as tecnologias da informação eram quase desconhecidas no campo. O resultado era o baixo rendimento por hectare e pequena produção, que passou a ser insuficiente para atender à demanda interna, num período de industrialização e crescimento populacional. Entre os avanços pode se destacar boas práticas agronômicas possibilitando realizar o plantio sem precisar revolver o solo, rotacionando culturas utilizando o Sistema de Plantio Direto (SPD) que hoje é referência mundial nessa prática, com avanço da engenharia genética, e a chegada das biotecnologias, como o caso da primeira soja geneticamente modificada, a Soja RR (Roundup Ready), tolerante ao herbicida, no manejo das plantas daninhas no campo.

O processo de transformação do agronegócio brasileiro tomou corpo com o surgimento da Agricultura 3.0, caracterizada pela agricultura de precisão e pela busca de práticas cada vez mais sustentáveis. Foi importante para conferir a precisão nas operações a utilização do GPS em máquinas agrícolas. Essa ferramenta trouxe para o campo a possibilidade de elaborar mapas detalhados da lavoura, com base em amostras do solo georreferenciadas, e outras informações relevantes como uso de taxa variável.

Nasceu a agricultura 4.0, marcada pela automação, conectividade e geração de dados sobre a atividade agrícola, permitindo maior precisão e assertividade nas decisões tomadas no dia a dia do campo. Nesse contexto, o campo passou por um processo acelerado de digitalização (surgiu a agricultura digital) que incorporou tecnologias como lT, Inteligência Artificial, robótica, Big Data, utilização dos dados coletados da agricultura para melhorar o gerenciamento da lavoura dentre inúmeras outras ferramentas que surgem a cada dia no setor, voltadas a levar maior eficiência, produtividade e redução de custos com a lavoura.

Estima-se que os alimentos embarcados pelo Brasil sejam responsáveis pela alimentação de cerca de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo. Mas isso só foi possível porque, ao longo dos últimos 40, 50 anos, a sociedade brasileira entendeu que investir no agronegócio no Brasil é fundamental para o desenvolvimento do país.