Por Douglas Ferreira
Os números recentemente divulgados são motivo de grande preocupação. O contingente de jovens que se encontram fora do mercado de trabalho e sem frequentar a escola chegou a alarmantes 5,4 milhões. Isso representa um aumento de 1,4 milhão nos chamados ‘nem-nem’ nos últimos 12 meses, uma situação que demanda atenção imediata.
Comparativamente ao mesmo período do ano anterior, quando o Brasil contabilizava 4 milhões de jovens de 14 a 24 anos nesta condição, percebe-se uma tendência preocupante de crescimento desse grupo. E não há nenhuma políitca pública direcionada para reverter esse quadro caótico.
Os dados, compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram recentemente divulgados pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).
De acordo com as estatísticas, no primeiro trimestre de 2024, o Brasil registrava um total de 34 milhões de jovens entre 14 e 24 anos. Destes, 11,6 milhões estavam exclusivamente envolvidos com a educação, enquanto 14 milhões estavam ocupados. No entanto, alarmantes 5,4 milhões, o que corresponde a quase 16% do total, não estavam trabalhando, estudando ou mesmo procurando emprego.
Desse contingente ocupado, a maioria, equivalente a 45%, estava engajada em trabalhos informais. Além disso, 15% dos ocupados eram jovens de 18 a 24 anos que apenas estudavam, enquanto 41% nessa mesma faixa etária estavam dedicados exclusivamente ao trabalho. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 12% estudavam e trabalhavam, enquanto outros 2% apenas trabalhavam.
No que diz respeito aos jovens que se dedicavam apenas aos estudos, observou-se que 81% eram adolescentes de 15 a 17 anos, enquanto 17% tinham entre 18 e 24 anos.
Os números revelam uma disparidade significativa em termos de gênero e raça. Das 3,2 milhões de pessoas desocupadas, 51% eram mulheres e 65% eram negros. Já entre os 5,4 milhões de jovens que não trabalhavam, não estudavam e nem buscavam emprego, 60% eram mulheres, muitas delas com filhos pequenos, e 68% eram negros.
Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, em entrevista à Agência Brasil, apontou para a dificuldade das mulheres, especialmente as jovens, em acessar o mercado de trabalho, além de questões conservadoras que perpetuam a ideia de que apenas a renda do marido é suficiente, contribuindo assim para o crescimento dos jovens ‘nem-nem’.