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Publicado em: 10 junho 2024 às 17:35 | Atualizado em: 10 junho 2024 às 17:36

"Narcotráfico S/A" movimenta 3% do PIB, revelando o poder paralelo no País

Por Wagner Albuquerque

Foto: Reprodução.

Um estudo inédito, divulgado durante o Fórum Esfera no Guarujá (SP), revelou a existência de 72 facções criminosas no Brasil ligadas ao narcotráfico, duas delas com atuação transnacional e características de holdings do crime. A pesquisa, conduzida pelo Esfera Brasil, destaca a infiltração do crime organizado no estado, exemplificada por uma operação recente do Ministério Público de São Paulo contra empresários de ônibus envolvidos em lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). O tema da violência e do crime organizado deve influenciar as próximas eleições.

O estudo estima que, se toda a cocaína que passa pelo Brasil fosse exportada para a Europa, as facções criminosas poderiam faturar cerca de US$ 65,7 bilhões, representando 3% do PIB brasileiro de 2023. O relatório também mapeia os fluxos de entrada e saída de pelo menos 20 atividades ilegais no Brasil, como tráfico de pessoas, drogas, cigarro, ouro, diamante, defensivos agrícolas, armas e madeira, evidenciando a vasta gama de atividades econômicas afetadas pelo crime.

Além do tráfico tradicional, o crime organizado também controla atividades como garimpo ilegal, extração de madeira e serviços urbanos, como entrega de gás, transporte público e postos de gasolina, conforme destacou o advogado criminalista Pierpaolo Bottinni. O estudo coloca o Brasil entre os países com mais carros blindados, no top cinco global de homicídios por 100 mil habitantes e no top três de população carcerária. Apesar da existência de mais de 1.500 instituições de segurança pública, falta coordenação eficaz para combater o crime organizado.

Preto Zezé, presidente da Central Única de Favelas, criticou a política de segurança pública punitiva, ressaltando que o gasto com encarceramento de jovens supera o financiamento da educação básica. O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, apontou a desatualização das leis, mencionando o Código Penal e o Código de Processo Penal dos anos 1940, e destacou que o crime organizado atualmente opera através do sistema financeiro nacional. O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubo, falou sobre o círculo vicioso entre degradação econômica e violência, defendendo uma maior articulação entre o governo federal e os estados.

O relatório completo, com soluções e estratégias para combater o crime organizado, será lançado pelo Grupo Esfera na véspera do XII Fórum Jurídico de Lisboa, que ocorrerá de 26 a 28 de junho em Portugal.