Por Douglas Ferreira
Para quem está de fora, a ideia de produzir soja pode parecer tão simples quanto escavar uma mina de ouro. No entanto, não se compreende a complexidade e os desafios envolvidos no processo de produção, que é tanto oneroso quanto vulnerável a intempéries como seca e enchentes. Além disso, após a colheita, os produtores enfrentam dificuldades adicionais ao lidar com a venda do produto, especialmente em momentos de queda nos preços, como o atual.
Diante desse cenário, a Aprosoja Brasil emitiu uma nota nesta sexta-feira, 9, com recomendações importantes aos produtores brasileiros. Destacando a quebra recorde de safra, os altos custos de produção e a perda de renda dos agricultores, a entidade enfatiza a necessidade de cautela e prudência nas decisões comerciais nos próximos meses.
Recomenda-se aos produtores que evitem vendas imediatas ou futuras, que resistam à pressão das empresas para adiantar compras e que não realizem investimentos ou expansões de área sem uma análise cuidadosa da situação. Especificamente, aconselha-se que evitem a compra de fertilizantes, sementes e defensivos, cujos preços estão em alta e ainda não retornaram a patamares favoráveis para uma boa relação de troca.
A entidade ressalta que a receita da atividade sofreu uma redução significativa, aproximadamente 33% em comparação com safras anteriores, devido aos preços atuais, que estão abaixo de 100 reais por saca pela primeira vez em três anos. Com as perdas decorrentes de fatores climáticos, muitos produtores estão enfrentando margens de lucro negativas em diversos Estados.
No caso específico de Mato Grosso, a situação é exemplificada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que mostra margens de lucro negativas mesmo considerando uma produtividade estimada relativamente boa. A soja está sendo cotada abaixo de 100 reais por saca em algumas regiões, resultando em prejuízos significativos por hectare.
A Aprosoja Brasil adverte que a colheita ainda não alcançou 20% da área nacional e que os produtores continuam enfrentando desafios como alta incidência de doenças e anomalias fisiológicas, além de um prognóstico climático pouco favorável. Diante desses fatores, é esperado que as perdas na safra se agravem ainda mais, com uma média estimada de 49 sacas por hectare em Mato Grosso até o momento.