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Publicado em: 12 setembro 2023 às 12:51 | Atualizado em: 12 setembro 2023 às 18:20

Minirreforma Eleitoral: vai flexibilizar a Lei da Ficha Limpa e beneficiar políticos condenados

A Câmara dos Deputados está prestes a votar uma minirreforma eleitoral, cuja proposta foi elaborada por um grupo de trabalho no Congresso Nacional. O cronograma previsto pelo relator, deputado Rubens Pereira Jr (PT/MA), prevê que os textos sejam votados em plenário nesta quarta-feira, (13). Já a presidente do Grupo de Trabalho é a deputada Dani Cunha (União/RJ). Aliás, esse sobrenome te diz alguma coisa? Então, Dani Cunha é filha do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Até lá, podem ser feitas mudanças para ampliar o apoio junto aos líderes partidários.

Esta reforma busca fazer várias mudanças nas regras eleitorais e nas campanhas políticas. Aqui estão os principais pontos da reforma:

  1. Inelegibilidade: A reforma propõe alterar as regras sobre quanto tempo um político fica inelegível após perder o mandato ou ser condenado por crimes comuns. Em vez de períodos mais longos de inelegibilidade, como oito anos após a perda do mandato, a reforma sugere um período mais curto de inelegibilidade, o que permitiria que políticos concorressem novamente mais cedo.
  2. Calendário eleitoral: A proposta também modifica o calendário eleitoral, alterando datas importantes, como o prazo para registro de candidaturas e o julgamento desses registros pela Justiça Eleitoral.
  3. Candidaturas coletivas: A reforma busca regulamentar as candidaturas coletivas, onde um grupo de pessoas se une para concorrer sob um único número de urna. Isso é importante porque essa modalidade de candidatura ainda não tem regulamentação clara.
  4. Campanha na internet: A proposta permite a realização de campanhas na internet no dia da eleição, desde que não envolvam pagamento para alcançar mais eleitores. Também permite campanhas conjuntas entre candidatos de diferentes partidos.
  5. Verbas de campanha: Quanto ao financiamento de campanhas, a reforma permite que os candidatos usem recursos próprios até um limite específico. Além disso, em casos de ameaças comprovadas, os candidatos podem usar fundos públicos para contratar serviços de segurança.
  6. Campanhas femininas: A reforma cria regras para a distribuição de recursos para campanhas de mulheres, mas também permite que parte desses recursos seja usada para candidatos homens, desde que beneficie as campanhas femininas de alguma forma.
  7. Punições: A reforma propõe mudanças nas punições para irregularidades partidárias, incluindo a possibilidade de aplicar multas em vez de cassações de candidaturas em casos de uso indevido de recursos ou compra de votos. Também muda a forma como as sanções afetam federações partidárias e a prestação de contas.

A proposta de minirreforma eleitoral que está em discussão no Congresso é um assunto de grande relevância e levanta diversas preocupações quanto aos possíveis impactos que poderia ter no sistema político brasileiro. Há inclusive o temor de que seja mais uma lei casuística (lei casuística é aquela criada para beneficiar um grupo específico de pessoas ou situações em detrimento do interesse público) em discussão no Congresso. Isso por conta do relator e da presidente do Grupo de Trabalho.

Rubens Jr, pertence ao segundo partido com o maior número de políticos cassados em função da Operação Lava Jato. O PT só perdeu em políticos corruptos para o MDB, do então presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, pai da presidente do Grupo de Trabalho que quer a redução da pena de perda de direitos políticos de agentes públicos cassados por corrupção. Detalhe: o pai da presidente do Grupo de Trabalho. Entendeu?

O casuísmo seria apenas uma das questões em debate. Tem ainda a punição aos candidatos que cometem irregularidades durante a campanha eleitoral. Eles sofreriam penas tão brandas (apenas multas) que leva a se imaginar que esses pequenos delitos e até crimes venham a compensar, uma vez que a cassação de mandato estaria fora de questão.

Resumo da ópera, essa minirreforma eleitoral pode representar tudo menos avanço do sistema eleitoral brasileiro. Na verdade ela está mais para retrocesso. Fica o alerta.

Redação Douglas Ferreira