Por Wagner Albuquerque
As precipitações desiguais que continuam a prejudicar as plantações de soja em Mato Grosso persistem provocando revisões nas estimativas para a colheita do grão tanto no estado quanto no país. Em um relatório divulgado nesta quarta-feira, a Consultoria Agro do Itaú BBA ajustou para baixo sua projeção para a produção nacional, fixando-a em 153 milhões de toneladas, em comparação às 158 milhões previstas no início do mês, e já inferior ao volume do ciclo anterior (154,6 milhões de toneladas), que estabeleceu um recorde.
No início da temporada de semeadura de soja no Brasil em 2023/24, em meados de setembro, os analistas do banco inicialmente trabalhavam com um potencial produtivo superior a 163 milhões de toneladas. Contudo, naquela época, uma quebra significativa em Mato Grosso, desencadeada pela combinação de El Niño e aquecimento das águas do Atlântico Tropical, não estava no horizonte. A escassez de chuvas no estado, líder na produção de grãos no Brasil, persistiu, especialmente em dezembro, atrasando o plantio de soja, exigindo replantio em algumas áreas e afetando a produtividade.
O Itaú BBA agora estima uma quebra de cerca de 20% no potencial de Mato Grosso, projetando uma colheita inferior a 40 milhões de toneladas no estado. O relatório do Itaú BBA destaca que, de acordo com os dados da Conab, a maior quebra registrada em Mato Grosso foi de aproximadamente 11% (safra 1989/90). Se as previsões estiverem corretas, este ano poderá ser o pior da história para a oleaginosa no estado.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato) também revisou para baixo sua projeção para a colheita de soja no estado nesta safra, embora ainda esteja estimando mais de 40 milhões de toneladas. Em boletim divulgado na segunda-feira, o Imea/Famato passou a prever 42,1 milhões de toneladas, uma redução de 7% em comparação com 2022/23.
A revisão para baixo nas projeções de produção levou o Itaú BBA a diminuir sua previsão para as exportações brasileiras de soja em 2023/24, estabelecendo-a em aproximadamente 95 milhões de toneladas, em comparação com os 100 milhões de toneladas de 2022/23. Apesar das reduções no Brasil, as expectativas não devem causar problemas significativos na relação global entre oferta e demanda, em grande parte devido à recuperação da produção na Argentina, mesmo considerando que o Brasil lidera a produção e exportação globais de soja.