Por Douglas Ferreira
A região amazônica enfrenta uma crise sem precedentes nos últimos meses, sendo atingida por dois grandes problemas: a seca e as queimadas. Esses desafios têm causado impactos significativos na cidade de Manaus, transformando drasticamente sua paisagem.
De um lado, a seca está levando rios e lagos a níveis historicamente baixos. A cidade de Manaus testemunha a pior seca da história, com o nível do Rio Negro atingindo cerca de 13,59 metros, conforme registros do porto local. Em comparação, a seca de 2010, quando o rio chegou a 13,63 metros, era considerada a mais grave até então. No entanto, agora, treze anos depois, esse recorde foi superado com o nível da água diminuindo a uma média de 13 centímetros por dia, de acordo com relatórios do Porto de Manaus.
Juntamente com a seca, Manaus e muitos municípios do Amazonas enfrentam uma crise ambiental severa. As comunidades locais estão isoladas, escolas em áreas rurais foram fechadas, e a navegação de embarcações e o escoamento da produção industrial enfrentam dificuldades crescentes. Isso porque a hidrovia é a principal e em muitos casos a única via de inteligação dos 62 muncípios do Amazonas.
A seca deixou quase toda a orla da cidade manauara irreconhecível, com rios transformados em bancos de areia e estreitos riachos. Mesmo a icônica Praia da Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos, de Manaus, precisou ser fechada, com uma cerca impedindo o acesso dos banhistas.
Além disso, o famoso Encontro das Águas também não escapou dos efeitos da seca, alterando drasticamente a paisagem e deixando para trás um cenário destruído. Em várias partes da extensa área de Manaus, o majestoso Rio Negro foi substituído por um “mar de lixo”, com canoas e barcos encalhados.
Para as pessoas que dependem do rio para sobreviver, a situação é desesperadora. Muitos, como Erick Santos, enfrentam dificuldades financeiras. É que a diminuição do fluxo de clientes impacta significativamente os meios de subsistência.
No final de setembro, a Prefeitura de Manaus decretou estado de emergência na cidade, quando o Rio Negro estava ligeiramente acima dos 16 metros. Desde então, várias medidas foram adotadas para evitar o isolamento e a falta de suprimentos nas áreas rurais e ribeirinhas. Isso inclui a perfuração de poços artesianos e a distribuição de cestas básicas.
Essa grave seca é resultado da combinação de dois fatores, segundo especialistas: o fenômeno El Niño, que envolve o aquecimento do oceano Pacífico, e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. A coincidência desses dois eventos é particularmente preocupante e tem sido associada às piores secas registradas na bacia do Rio Negro nos últimos 120 anos, incluindo o evento de 2009 a 2010.