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Publicado em: 29 julho 2024 às 11:11 | Atualizado em: 29 julho 2024 às 14:07

Maduro se autodeclara eleito na Venezuela e oposição anuncia vitória de Edmundo González

Por Douglas Ferreira

Maduro é acusado de fraudar o processo eleitoral e mesmo assim perder feio para González – Foto: Reprodução

O mundo está em choque com a fraude eleitoral cometida pelo ditador Nicolás Maduro na Venezuela. Após ameaças de “guerra civil e banho de sangue”, Maduro utilizou a ‘milícia bolivariana’ para tentar impedir que a oposição tivesse acesso às urnas. No entanto, os boletins de urna indicam que ele perdeu vergonhosamente, com mais de 70% dos votos apurados a favor de Edmundo González, o candidato da oposição.

Maduro, que se autodeclara vencedor com 51,2%, não convence nem mesmo a esquerda latino-americana. Diversos líderes regionais, incluindo Gabriel Boric, do Chile, não reconhecem as eleições venezuelanas.

González ao lado de María Corina estão convencidos de que derrotaram a ditadura de Maduro – Foto: Repdoução

Venezuela: oposição contesta resultado e declara vitória de Edmundo González

“Sabemos o que aconteceu hoje”, afirmou María Corina Machado durante um pronunciamento na madrugada desta segunda-feira, 29.

A líder opositora María Corina Machado e o candidato Edmundo González Urrutia contestaram os resultados eleitorais anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) neste domingo, 28, que declararam a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela com 51,2% dos votos. Detalhe: o CNE é controlado por Maduro.

“Hoje queremos dizer a todos os venezuelanos e ao mundo inteiro que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia”, afirmou María Corina.

“Já ganhamos e todo mundo já sabe”, acrescentou. “Isso tem sido algo tão grande e avassalador que ganhamos em todos os cantos do país, em todas as cidades do país, em todos os Estados do país”.

A oposição venezuelana alega que Edmundo González Urrutia foi o verdadeiro vencedor das eleições, com 70% dos votos.

O CNE, controlado pelo chavismo, anunciou que, com 80% das urnas apuradas, Maduro obteve 51,2% dos votos, enquanto Urrutia alcançou 44,2%. No entanto, a votação ainda não foi certificada por observadores internacionais e há pressão diplomática para auditoria dos resultados.

“Neste momento temos mais de 40% das atas. Estamos recebendo todas as atas que o CNE transmitiu e todas as informações coincidem que Edmundo recebeu 70% dos votos e Maduro 30% dos votos, essa é a verdade. E essa é a eleição com a maior margem de vitória. Parabéns Edmundo”, reforçou Corina.

“Quando digo que todo mundo sabe o que aconteceu aqui, me refiro ao próprio regime”, acrescentou a opositora. “Eles sabem o que pretendem fazer. Isso sabe toda a comunidade internacional, até mesmo os aliados. Todos sabem que os venezuelanos votaram por uma mudança.”

A líder opositora também comentou o papel das Forças Armadas nas eleições. “O dever da Força Armada Nacional é fazer respeitar a soberania do voto”, disse.

“Quero pedir a cada um dos nossos mesários e fiscais que daí ninguém saia, e peço a toda a comunidade da Venezuela que vá em família acompanhar a apuração em todos os centros de votação”, pediu María Corina. “Seguimos registrando a vitória de Edmundo González Urrutia em toda parte de Venezuela e é avassaladora”.

González Urrutia também se pronunciou. “Os venezuelanos e o mundo todo sabem o que aconteceu hoje”, afirmou. “Aqui foram violadas as normas já que não foram entregues todas as atas”. completou.

“Derrotamos o regime espiritualmente e moralmente com votos”, finalizou González.

Ele declarou que a mensagem de reconciliação permanece e que a luta continuará até que a vontade do povo seja respeitada.

Quando questionado sobre convocar manifestações, Urrutia negou qualquer incitação à violência. “É uma celebração cívica”, concordou María Corina.

Minutos depois do CNE decretar os resultados, Nicolás Maduro pediu respeito à Constituição.

“Temos que respeitar essa Constituição, temos que respeitar o árbitro, e que ninguém tente desrespeitar essa bela jornada”, afirmou.

“Sou um homem de paz”, acrescentou. “Sou um homem de diálogo. Nunca jamais pensei, jamais, em estar em cargo público de relevância. Sempre o que me levou foi o espírito de lutar por Venezuela”, falou tentando convencer que o processo foi com lisura.

“Minha única inspiração foi ser soldado de Hugo Chávez”, disse.

Maduro afirmou ainda que já recebeu ligação de líderes da Nicarágua, Cuba e Bolívia para felicitar os resultados. “Sua ligação foi de admiração pela valentia desse povo”, concluiu.

Entretanto há rejeição e até repulsa ao resultado.

  • Estados Unidos – secretário de Estado, Antony Blinken
  • União Europeia – vice-presidente, Josep Borrell Fontelle
  • Reino Unido – Ministério das Relações Exteriores
  • Chile – presidente Gabriel Boric
  • Alemanha – Ministério das Relações Exteriores
  • Argentina – presidente Javier Milei
  • Uruguai – presidente Luis Lacalle Pou
  • Espanha – ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares
  • Itália – vice-primeiro-ministro, Antonio Tajani
  • Equador – presidente Daniel Noboa
  • Peru – ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaecha
  • Colômbia – ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo
  • Guatemala – presidente Bernardo Arevalo
  • Panamá – presidente José Raúl Mulino
  • Costa Rica – presidente Rodrigo Chaves

Até o fechamento desta reportagem o governo brasileiro não havia se manifestado sobre a fraude eleitoral na Venezuela. O Itamaray estaria esperando o resultado de uma auditoria independente para se pronunciar.