A macaúba, uma planta nativa do Brasil, e muito disseminada no Nordeste, está se tornando o centro das atenções na produção de biocombustíveis. Diversas empresas e institutos de pesquisa, incluindo a Acelen, estão investindo nessa rica fonte de óleo para impulsionar a produção de combustíveis renováveis.
“Escolhemos a macaúba como a principal matéria-prima do futuro”, declara Marcelo Cordaro, vice-presidente de Novos Negócios da Acelen, ao justificar o investimento alto nessa matéria-prima riquíssima em óleo. Boa parte dos mais de R$ 12 bilhões anunciados pela empresa para combustíveis renováveis está sendo destinado à palmeira de macaúba, R$ 8,5 bilhões, mais especificamente.
Há várias razões para esse crescente interesse:
- Disponibilidade e cultivo: A macaúba cresce naturalmente em grande parte do Brasil, de regiões secas ao sul de São Paulo até o norte do país. Isso a torna uma opção viável para o cultivo em diversas regiões, diferentemente do dendê, que depende de áreas próximas à linha do Equador.
- Produtividade: A macaúba é altamente produtiva, produzindo sete a oito vezes mais óleo por hectare/ano em comparação com a soja, por exemplo. Esse óleo pode ser usado na produção de diesel verde e querosene sustentável de aviação, ambos já aprovados para comercialização no mercado internacional.
- Baixa pegada de carbono: A crescente importância do mercado de carbono está impulsionando o interesse pela macaúba. Ela sequestra carbono do solo e reduz as emissões de carbono, tornando-a uma escolha ecológica.
- Uso integral: A macaúba é uma planta de resíduo zero, o que significa que todos os componentes da planta têm utilidade. Seu óleo é usado para biocombustíveis, a amêndoa produz óleo de alta qualidade para a indústria de cosméticos, a casca gera torta proteica para alimentação animal, e o endocarpo é usado para a produção de biocarvões.
- Integração com agricultura e pecuária: A macaúba se integra facilmente a sistemas de produção já existentes, seja em culturas anuais, pecuária, criação de animais, ou outras culturas agrícolas. Isso a torna uma escolha flexível para agricultores.
O investimento em pesquisa genética e o desenvolvimento de variedades superiores da macaúba estão contribuindo para melhorar sua produtividade e torná-la mais adequada para fins comerciais. Empresas e instituições estão trabalhando para explorar todo o potencial dessa planta, desde a produção de biocombustíveis até o uso na indústria de alimentos e suplementos dietéticos.
Com uma crescente conscientização ambiental e a busca por alternativas sustentáveis, a macaúba está se destacando como uma planta versátil e ecologicamente correta para a produção de biocombustíveis e outros produtos, gerando empregos e valor econômico ao longo do caminho.
Por Douglas Ferreira