Por Douglas Ferreira
Na véspera da reunião decisiva do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou o tom contra Roberto Campos Neto, atual presidente da instituição. O Copom deve definir nesta quarta-feira a nova taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 10,5% ao ano. Analistas preveem a manutenção desse percentual, mas as críticas de Lula e seus aliados sugerem uma crescente insatisfação.
Em entrevista à rádio CBN, Lula não poupou críticas a Campos Neto, comparando-o a Sergio Moro e acusando-o de agir contra os interesses do país. “Temos um presidente do Banco Central que não demonstra capacidade de autonomia e parece estar politicamente alinhado para prejudicar o país em vez de ajudá-lo”, afirmou Lula, destacando a necessidade de reduzir a taxa de juros para estimular investimentos.
A política monetária de Campos Neto tem sido um ponto de constante atrito com o governo federal, que vê na redução dos juros uma forma de impulsionar a economia. “É inviável convencer empresários a investir com juros tão altos. Precisamos de uma taxa de juros compatível com a inflação”, reforçou Lula.
Apoio de aliados
As declarações de Lula foram rapidamente apoiadas por seus aliados. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, reforçou as críticas, questionando a pertinência da política atual do Banco Central. “Todos sabem que os juros estão altos. Se isso não é uma política contracionista, então o que é?”, indagou Wagner.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, também atacou Campos Neto, acusando-o de agir politicamente para sabotar o país. Em paralelo, o deputado federal Merlong Solano (PT/PI) solicitou oficialmente que Campos Neto seja ouvido na Comissão Mista de Orçamento (CMO) para prestar contas sobre os resultados das políticas monetárias, como exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Conclusão
Com o Copom prestes a anunciar sua decisão, a pressão do governo sobre o Banco Central atinge um novo ápice. A expectativa de manutenção da Selic em 10,5% ao ano contrasta com o desejo do Executivo de ver uma política monetária mais alinhada com suas prioridades econômicas. A reunião desta quarta-feira promete ser um ponto crítico na relação entre o governo e a autoridade monetária, com implicações significativas para a economia brasileira.