Por Wagner Albuquerque
Após novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, surgiram especulações sobre possíveis novos nomes para assumir a presidência da autoridade monetária a partir do próximo ano. Em entrevista à Rádio CBN nesta terça-feira, Lula descreveu seu futuro indicado ao Banco Central como “maduro” e “calejado”, levantando dúvidas sobre a continuidade de Gabriel Galípolo, de 42 anos, como principal candidato.
As declarações de Lula provocaram reações no mercado financeiro, com temores de que o presidente pudesse escolher alguém com um perfil diferente de Galípolo, que era visto como um favorito. “Ao dizer que vai buscar um presidente do BC que também olhe para uma meta de crescimento, o mercado passou a ver riscos de que Lula vá indicar outro nome para a autoridade monetária”, comentou um gestor do mercado financeiro. Entre os nomes especulados, Luiz Awazu, ex-diretor do BC, e Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, ganharam destaque.
A presença de Luiz Awazu no Senado, onde participou de uma audiência pública para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a autonomia financeira e orçamentária do Banco Central, reforçou as especulações. Awazu, que se posicionou contra a PEC em sintonia com o governo, é visto como uma opção mais alinhada aos interesses do Executivo. Um profissional de gestão financeira afirmou que, apesar de Awazu ser uma escolha “ligeiramente pior que a de Galípolo, é infinitamente melhor que a de Mantega”.
A possibilidade de nomeação de Guido Mantega ou Aloizio Mercadante, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também preocupa o mercado. “As palavras ‘maduro’ e ‘calejado’ fizeram muita gente achar que não será o Galípolo. As alternativas podem ser muito piores e os nomes mais falados agora são o do Guido Mantega e do Luiz Awazu”, disse um gestor. Outra fonte do mercado expressou alívio diante da perspectiva de descartar os nomes de Mantega e Mercadante, preferindo que Lula opte por Galípolo ou outra opção mais alinhada com o mercado.
Entre outros nomes mencionados estão o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, de 45 anos, e André Lara Resende, de 73 anos, que foi diretor do BC e presidente do BNDES. Embora alguns agentes de mercado considerem Fernando Honorato Barbosa uma escolha ideal, um profissional de uma gestora de recursos da Faria Lima comentou que, dadas as indicações de Lula, essa possibilidade parece pouco provável.
