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Publicado em: 11 junho 2024 às 13:42 | Atualizado em: 11 junho 2024 às 13:45

Lula anula leilão bilionário por fraudes; secretário é exonerado; será feito novo pregão do arroz

Por Douglas Ferreira

Os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Fávaro (Agricultura) e o presidente da Conab, Edegar Pretto, em entrevista no Palácio do Planalto – Foto: Lucas Borges Teixeira/UOL

Envolto em uma névoa obscura que manchou gravemente a seriedade e a lisura do pregão para a aquisição de arroz importado, o governo federal, diante da repercussão negativa no meio político, empresarial, doméstico e, sobretudo, nas redes sociais, se viu pressionado e obrigado a cancelar todo o processo. Ficou evidente que essa aquisição de arroz estava marcada por suspeitas de fraude, de corrupção. Na manhã desta terça-feira, 11, o governo teve que vir a público anunciar o cancelamento do pregão.

Entenda: Governo anula leilão de arroz importado após indícios de irregularidade

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira (11) a anulação do leilão para compra de arroz importado. Segundo ele, um novo procedimento será realizado. A medida foi tomada após suspeitas de irregularidades no leilão para compra de 263 mil toneladas de arroz realizado na última quinta-feira (6).

“Pretendemos fazer um novo leilão, possivelmente com outros modelos, para garantir que vamos contratar empresas com capacidade técnica e financeira […]. A decisão é anular este leilão e proceder com um novo, mais ajustado,” declarou Pretto no Palácio do Planalto.

No leilão realizado na semana passada, o preço médio de cada saco de arroz de 5 quilos foi de cerca de R$ 25.

O governo decidiu importar arroz poucos dias após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, que é responsável por 70% da produção nacional do grão, embora 80% da colheita já tivesse sido realizada antes das inundações. E apesar da Associação dos Arrozeiros garantirem que não vai haver desabastecimento.

Em 7 de maio, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo decidiu comprar arroz para evitar uma alta de preços devido à dificuldade do Estado em transportar o grão para o restante do país. Na ocasião, ele também mencionou que nenhum atacadista tinha “estoques para mais de 15 dias”.

Queda de Neri

Nesta terça-feira, em meio à polêmica em torno do leilão para importação de arroz, o ministro da Agricultura anunciou a saída de Neri Geller, ex-deputado federal por Mato Grosso, do cargo de secretário de Política Agrícola. Segundo o ministro, Neri Geller colocou o cargo à disposição do governo e foi demitido.

“Hoje [terça-feira], pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, [que] quando seu filho estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola. Não há fato que desabone ou gere qualquer tipo de suspeita, mas isso de fato gerou transtornos, e por isso colocou o cargo à disposição,” afirmou Fávaro.

Geller, ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal, foi um dos nomes do agronegócio que apoiou Lula na eleição de 2022.