Por Douglas Ferreira
No Brasil, muitas vezes prevalece a noção equivocada de que somos um povo sem memória, mas a realidade é que nossa história ainda não foi totalmente contada. Muitas partes dela estão guardadas no ‘Arquivo Nacional Torre do Tombo’, em Lisboa, Portugal, ou foram desviadas para outros lugares. O que podemos encontrar em nossos arquivos e museus de fato representa muito pouco da nossa rica história.
No entanto, histórias do nosso passado emergem a cada dia, muitas delas enterradas no subsolo brasileiro. Uma dessas histórias é a do lavrador Valdomiro Costa, que comprou um detector de metais para buscar ouro e acabou descobrindo um ‘tesouro’ do Brasil colonial.
A descoberta ocorreu no primeiro dia em que ele utilizou o detector de metais, encontrando um pote de barro. Ao quebrá-lo, mais de 200 moedas antigas foram reveladas. Inicialmente, a reação de Valdomiro foi de decepção, pois ele não percebia o valor histórico do achado. No entanto, ao buscar ajuda do filho, Raelson Costa, e de uma professora de história, Janildes Cursino, a importância das moedas se tornou evidente.
As 206 moedas, principalmente de bronze, incluíam uma de 960 réis, feita de prata e conhecida como ‘patacão’. A professora Janildes Cursino destacou a relevância histórica do tesouro, remontando aos períodos colonial e imperial. Como há poucos registros históricos da época, o mistério em torno das moedas permanece, sem saber ao certo quem as enterrou e quando.
Para garantir a segurança, as moedas serão armazenadas em um cofre de um banco em outra cidade, enquanto Valdomiro decide o que fazer com elas. O lavrador expressa o desejo de ajudar sua família, proporcionando oportunidades de estudo aos filhos.
“Eu quero ajudar minha família porque nós somos uma família, assim fraca, não tem condição quase. Dar oportunidade dos meus filhos ao estudo. Se for muito dinheiro, não vai ficar nada para mim, eu quero deixar pros meus filhos”, disse o lavrador.
Uma equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) avalia a região, e se for confirmado que se trata de um material arqueológico histórico, o local pode ser cadastrado como sítio arqueológico. As moedas não devem ser comercializadas antes dessa avaliação, uma vez que, se confirmado como material vinculado ao período monárquico, necessita da autorização do Iphan para deixar o Brasil.”