Por Douglas Ferreira
O Brasil enfrenta um cenário alarmante com 9,6 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que não trabalham nem estudam, representando 19,8% dessa faixa etária, conforme revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Pnad/Educação de 2023. Esse contingente, denominado “nem-nem”, reflete as desigualdades persistentes no país, apesar da ligeira queda na proporção ao longo dos anos.
Os desafios para combater essa realidade refletem a dificuldade em garantir oportunidades educacionais e profissionais para todos. A predominância de mulheres nessa situação, especialmente devido a tarefas domésticas e maternidade precoce, evidencia questões de gênero. Além disso, a disparidade racial é evidente, com a população parda e preta sendo mais afetada.
Especialistas destacam que a inação diante desse problema é preocupante, especialmente considerando o potencial impacto negativo a longo prazo. O descumprimento de metas educacionais estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação, como o aumento da matrícula na educação profissional e a integração da Educação de Jovens e Adultos com a formação profissional, contribui para essa realidade.
A falta de políticas públicas eficazes para enfrentar o desalento desses jovens agrava ainda mais a situação. Enquanto programas existem para evitar a evasão escolar, a ausência de iniciativas direcionadas àqueles que já abandonaram os estudos é notável. Além disso, a necessidade de garantir os direitos reprodutivos das mulheres é enfatizada como parte da solução.
A repercussão social e financeira dessa situação é considerável, pois a ausência de oportunidades pode levar a consequências negativas, como envolvimento em atividades criminosas e problemas relacionados ao uso de álcool e drogas. Portanto, políticas abrangentes e efetivas são essenciais para reverter esse quadro e oferecer um futuro promissor para essa parcela significativa da população jovem brasileira.
A situação no Estado do Piauí é bem mais preocupante. Os jovens residentes no Estado, com idades entre 15 e 29 anos, confrontam significativas barreiras ao entrar e se firmar no mercado de trabalho. De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) de 2023 do IBGE, 27,8% desse grupo não estão matriculados em instituições educacionais nem empregados. Esse percentual representa o 11º maior índice no país, superando em 5,5 pontos percentuais a média nacional de 22,3%.