De fato, a profissão de jornalista frequentemente envolve riscos significativos, e isso é especialmente verdadeiro em regiões de conflito e guerra. A cobertura jornalística em zonas de conflito é vital para informar o público e documentar os eventos que ocorrem, mas também coloca os jornalistas em perigo, sujeitos a ferimentos e até morte.
Os acontecimentos recentes envolvendo jornalistas que cobriam o conflito entre o Hamas e Israel, no sul do Líbano, são um trágico exemplo desses riscos. Jornalistas corajosos muitas vezes se encontram na linha de frente, relatando os eventos de forma direta e às vezes ao vivo. Suas vidas podem estar em perigo devido a ataques, bombardeios e confrontos armados.
A morte do fotojornalista Issam Abdallah e os ferimentos sofridos por outros jornalistas, incluindo a repórter Carmen Joukhadar e o cinegrafista Elie Brakhya, ambos integrantes da emissora TV Al-jazira e da agência de notícias Reuters, destacam a triste realidade da profissão de jornalista em áreas de conflito. A situação é agravada pela falta de segurança, onde os jornalistas podem ser vítimas de ataques indiscriminados (tanto de um lado quanto do outro).
A cobertura jornalística de zonas de conflito é fundamental para a transparência, a prestação de contas e a busca da verdade, mas também é essencial garantir a segurança e a proteção dos jornalistas que arriscam suas vidas para desempenhar esse papel. Trata-se de um lembrete da importância de valorizar e proteger a liberdade de imprensa e a segurança dos profissionais da mídia, especialmente em tempos de conflito armado, quando o acesso à informação é fundamental.
O caso do jornalista brasileiro que perdeu uma perna na guerra do Vietnã
O jornalista José Hamilton Ribeiro que por mais de 40 anos trabalhou na Rede Globo de Televisão é um caso emblemático de um repórter que sobreviveu a uma guerra. O jornalista, com passagens pelo “Fantástico”, “Globo Repórter” e “Globo Rural”, perdeu uma perna ao pisar em uma mina durante a cobertura da Guerra do Vietnã.
Ele fazia a cobertura jornalística para a extinta revista “Realidade”, no ano de 1968.
“Houve uma explosão muito grande, o mundo acabou à minha frente, uma fumaça muito preta, uma escuridão muito grande. A sensação que eu tinha é que a bomba tinha explodido no soldado que estava à frente, não em mim. Só quando se desgastou essa fumaça, quando vi o soldado inteiro, em pé, com os olhos esbugalhados, com a expressão de horror diante do que ele estava vendo… Olhei para baixo e percebi que estava escorregando uma ‘torneira de sangue’“, relatou o jornalista em 2021 ao Splash Uol.
Depois de quatro décadas dedicadas ao jornalismo, José Hamilton torna-se fazendeiro. É no município de Uberaba, no Triângulo Mineiro, que fica a fazenda dele, jornalista aposentado do Globo Rural e o repórter mais premiado do Brasil.
Por Douglas Ferreira