Por Douglas Ferreira
O Japão, em um movimento surpreendente e polêmico, lançou uma nova e gigantesca embarcação de caça às baleias, reacendendo um antigo conflito com ambientalistas. Após enfrentarem perseguições agressivas na Antártida, os japoneses decidiram construir um navio ainda maior para substituir o anterior. Este novo colosso, de 112,6 metros de comprimento, está pronto para navegar até os mares remotos da Antártida em busca desses mamíferos marinhos.
Kangei Maru: O novo gigante do mar
Em 21 de maio, o Japão apresentou ao mundo o Kangei Maru, um navio-fábrica baleeiro de última geração, avaliado em $48 milhões. Com 112,6 metros de comprimento e 21 metros de largura, e pesando cerca de 9.299 toneladas, este novo navio promete manter a indústria baleeira japonesa ativa. Capaz de alcançar velocidades de até 13.000 quilômetros, o Kangei Maru está equipado para operações extensivas no gélido Oceano Antártico.
Função e missão do Kangei Maru
Atuando como navio-mãe, o Kangei Maru receberá as baleias capturadas por barcos menores, processando a carne a bordo antes de congelá-la. Hideki Tokoro, presidente da Kyodo Senpaku, empresa proprietária do navio, afirmou durante a cerimônia de lançamento: “Estamos unidos para preservar a cultura da caça às baleias para sempre.”
Expansão das atividades baleeiras
Esta ação segue a recente autorização do governo japonês para a caça às baleias fin, aumentando para quatro o número de espécies caçadas comercialmente: baleias minke, sei, de Bryde e fin. A decisão alarmou organizações de conservação em todo o mundo, que veem isso como um grande retrocesso nos esforços para proteger esses majestosos mamíferos marinhos.
Reações e críticas
A ampliação das atividades baleeiras japonesas gerou uma onda de críticas. Nicola Beynon, da Humane Society International (HSI), destacou o sofrimento infligido às baleias fin, a segunda maior espécie do planeta. Adam Peyman, também da HSI, ressaltou as múltiplas ameaças enfrentadas pelas baleias, como mudanças climáticas, poluição sonora e colisões com navios, argumentando que não há justificativa nutricional, científica ou moral para a caça desses animais.
Contexto Histórico e Controvérsia
Desde que deixou a Comissão Internacional da Baleia (IWC) em 2019, o Japão retomou a caça comercial às baleias sob o pretexto de pesquisa científica. Juntamente com países como Noruega, Dinamarca/Grønland, Islândia e Rússia, o Japão continua a desafiar a moratória da IWC, perpetuando essa prática controversa.
Futuro da caça às baleias no Japão
Com o lançamento do Kangei Maru, o Japão reafirma seu compromisso com a caça às baleias, apesar da crescente oposição global. Esta decisão também inclui uma campanha de relações públicas para combater a “mídia anti-baleeira unilateral”. Embora algumas populações de baleias tenham mostrado sinais de recuperação, muitas ainda enfrentam novos desafios, como mudanças climáticas e poluição. A ética da caça comercial continua sendo uma questão central no debate global.
O Kangei Maru representa tanto uma inovação tecnológica quanto um símbolo de persistência cultural, desafiando as pressões internacionais e destacando a complexidade do equilíbrio entre tradição e conservação ambiental.