Por Douglas Ferreira
A inflação acelerou para 0,46% em maio, assustando os brasileiros e levantando dúvidas sobre a eficácia das medidas governamentais para controlar os preços. A situação pode piorar com as recentes ações governamentais que prometem aumentar ainda mais os custos, especialmente dos combustíveis, que devem subir esta semana, podendo gerar um efeito cascata na economia.
Inflação em maio dispara para 0,46% com alta de alimentos e chuvas no RS
Os preços de alimentos básicos como batata inglesa, cebola e leite longa vida dispararam, resultando em uma inflação de 0,46% em maio, conforme dados do IBGE. Este aumento, acima da previsão de 0,42%, é o primeiro a refletir os efeitos devastadores das enchentes no Rio Grande do Sul, que provocaram uma alta de 0,87% na inflação em Porto Alegre, a maior do país.
Impacto das chuvas no Rio Grande do Sul
As chuvas intensas que atingiram o Rio Grande do Sul desde abril afetaram significativamente os preços. Porto Alegre, uma das principais capitais pesquisadas pelo IBGE, viu um aumento significativo nos custos de bens e serviços. No ano, a inflação acumulada é de 2,27%, e nos últimos 12 meses, de 3,93%, alinhada com as médias anteriores.
Principais causas do aumento
A alta em maio foi puxada pelo grupo de Alimentação e Bebidas, com destaque para tubérculos, raízes e legumes. A batata inglesa, por exemplo, aumentou 20,61% em um mês devido à redução na oferta causada pelas chuvas no RS. Além disso, outros grupos como Habitação, Vestuário e Saúde também registraram aumentos significativos.
Projeções e medidas do governo
Economistas estimam que a inflação fechará o ano em torno de 3,9%, uma desaceleração em relação ao ano anterior, mas ainda preocupante. A alta taxa de juros tem ajudado a conter os preços, mas as inundações no RS e as recentes medidas do governo podem complicar o cenário. O governo revisou a previsão de inflação para 3,70% em 2024, refletindo os impactos das chuvas.
Grupos com maior impacto na inflação
- Alimentação e bebidas: Alta de 0,62%, com aumentos expressivos na batata inglesa (20,61%), cebola (7,94%), leite longa vida (5,36%) e café moído (3,42%).
- Habitação: Crescimento de 0,67%, impulsionado pelo aumento de 0,94% na energia elétrica residencial devido a reajustes tarifários.
- Saúde e cuidados pessoais: Aumento de 0,69%, principalmente devido aos planos de saúde (0,77%) e itens de higiene pessoal como perfumes (2,59%) e produtos para a pele (2,26%).
Variação regional da inflação
Porto Alegre teve a maior alta regional em maio, com 0,87%, principalmente devido ao aumento nos preços da batata inglesa, gás de botijão e gasolina. Em contraste, Goiânia registrou uma queda de 0,06%, graças à redução nos preços da gasolina e do etanol.
Índices regionais
- Porto Alegre: 0,87%
- São Luís: 0,63%
- Belo Horizonte: 0,63%
- Aracaju: 0,60%
- Goiânia: -0,06%
Índice nacional de preços ao consumidor (INPC)
O INPC também subiu em maio, registrando 0,46%, acima do 0,37% de abril. No acumulado do ano, o índice subiu 2,42%, e nos últimos 12 meses, 3,34%. Os produtos alimentícios tiveram um aumento de 0,64% em maio, enquanto os não alimentícios subiram 0,40%.
Variação regional do INPC
- Porto Alegre: 0,95%
- São Luís: 0,65%
- Belo Horizonte: 0,61%
- Salvador: 0,59%
- Fortaleza: 0,58%
A pressão inflacionária, exacerbada por eventos climáticos e medidas governamentais, coloca o Brasil em uma situação delicada, exigindo ações eficazes para estabilizar os preços e proteger a economia.