Por Douglas Ferreira
A medida provisória do presidente Lula para autorizar a importação de 1 milhão de toneladas de arroz gerou reações mistas entre os produtores nacionais, como destacado pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul – Federarroz. A Federação argumenta que não há risco de desabastecimento, citando uma safra projetada em 7.150 toneladas, o que seria suficiente para atender à demanda interna.
No entanto, é importante considerar que, apesar de a produção total de grãos na safra 2023/24 ser substancial, com uma projeção de 295,6 milhões de toneladas, houve uma queda de 7,6% em relação ao ciclo anterior. Isso representa uma redução significativa de 24,2 milhões de toneladas. Embora essa queda não seja suficiente para causar escassez no mercado interno, pode influenciar os preços e a disponibilidade de certos produtos, como o arroz.
Portanto, a decisão de autorizar a importação pode ter sido tomada como medida preventiva para garantir a estabilidade do mercado e evitar aumentos abruptos nos preços, especialmente considerando os desafios enfrentados pelo setor agrícola, como eventos climáticos adversos e problemas logísticos.
Mas, o presidente da Fedearroz, Alexandre Velho discorda. Ele entretando chama a atenção para outro problema.
“O que nós temos é um problema de logística para abastecer neste momento e também tivemos inclusive junto com o problema das entradas, tivemos a suspensão da emissão das notas fiscais durante a semana passada em função de uma pane no sistema da Secretaria da Fazenda Estadual”, disse Velho.
A situação descrita revela um debate complexo sobre a importação de arroz e suas repercussões no mercado nacional. Vamos analisar algumas questões levantadas:
- Necessidade de importação vs. produção nacional: A decisão de importar 1 milhão de toneladas de arroz gerou controvérsia, especialmente considerando que a produção nacional é significativa e, aparentemente, capaz de atender à demanda. No entanto, a preocupação com as perdas no Rio Grande do Sul devido aos eventos climáticos e problemas logísticos pode ter influenciado a decisão do governo.
- Impacto no preço: A importação em massa pode ter implicações nos preços do arroz no mercado interno. Enquanto alguns argumentam que isso poderia estabilizar os preços diante das perdas locais, outros temem uma desvalorização da produção nacional.
- Capacidade de suprimento regional: O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul – Federarroz, Alexandre Velho, destaca a capacidade dos Estados produtores, como o Rio Grande do Sul, de fornecer arroz para outras regiões do país, sugerindo que a importação pode não ser necessária.
- Desafios logísticos: Além das preocupações com a produção, há também desafios logísticos, como o escoamento do produto e a emissão de notas fiscais para transporte, que precisam ser abordados pelo governo.
- Impacto no setor agrícola: A medida é percebida de forma negativa por alguns no setor agrícola, que veem nela uma possível subvalorização do esforço e produção nacional.
No cerne do debate está o equilíbrio entre garantir o abastecimento e estabilidade de preços, enquanto se protege e valoriza a produção nacional. A eficácia e justificativa da medida de importação serão avaliadas com base na evolução da situação e seus efeitos no mercado interno.