Por Wagner Albuquerque
Os embates no Oriente Médio e no norte da África começam a impactar os exportadores brasileiros do setor agrícola. A elevação nos custos de frete marítimo, a imposição de taxas de risco, atrasos nas entregas e a possibilidade de escassez de contêineres são desafios agora considerados pelas empresas.
Embora os exportadores percebam a situação como “administrável” por ora, a luz amarela está acesa. A falta iminente de contêineres preocupa no curto prazo, podendo restringir os embarques de produtos como carne, café e açúcar.
Para mitigar riscos, as empresas de transporte marítimo buscam rotas mais longas e caras, mas os pedidos já enfrentam atrasos de 15 a 20 dias. Essas demoras reverberam por toda a cadeia, potencialmente criando gargalos nos portos brasileiros.
Com os contêineres retornando ao Brasil com atraso, há o risco de produtores aguardarem nos portos, impactando a produção. A situação é mais crítica para produtos perecíveis, enquanto a indústria de carne bovina, aves e suínos teme por sua competitividade.
O setor de aves, excluindo a China, tem na Ásia e Oriente Médio metade das exportações brasileiras. Carne bovina e suína têm na China seu principal destino, mas os contêineres dessa rota passam pela área crítica da navegação.
Embora os custos adicionais sejam tradicionalmente arcados pelos importadores, a elevação desses custos leva alguns a buscar alternativas mais vantajosas. No caso de cargas secas, como café, que tem EUA e Europa como destinos principais, os impactos são minimizados, mas o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil monitora a situação de perto.
Ataques a navios no Mar Vermelho e conflitos no Golfo Pérsico agravam o cenário, com potenciais impactos em mercados asiáticos e árabes. A instabilidade no norte da África, entre Argélia e Marrocos, também complica as operações. O contexto global atual é um desafio para a logística e o comércio internacional.