Uma coisa é certa: as ações ou omissões do governo influenciam diretamente o mercado, muitas vezes com efeitos prejudiciais para a economia brasileira. A Medida Provisória 1.227, apelidada de ‘MP do Fim do Mundo’, promete afetar diretamente a vida dos cidadãos, elevando os preços dos combustíveis nas bombas e pesando no bolso dos consumidores.
Aumento nos preços dos combustíveis
A partir desta terça-feira (11/6), as distribuidoras de combustíveis informaram aos postos que os preços irão subir, conforme comunicado dos sindicatos dos revendedores. Este aumento é atribuído aos efeitos da Medida Provisória 1.227, recentemente enviada ao Congresso pelo Ministério da Fazenda, que limita as compensações de créditos de PIS e Cofins.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), o impacto no preço da gasolina pode variar entre 4% e 7%, o que representa um aumento de R$ 0,20 a R$ 0,36 por litro. Para o diesel, a variação está entre 1% e 4%, adicionando de R$ 0,10 a R$ 0,23 por litro. Estima-se que essa medida impacte em cerca de R$ 10 bilhões nas empresas de distribuição de combustíveis.
Liberdade de preço dos postos
Os postos de combustíveis têm autonomia na formação do preço final, podendo repassar totalmente o aumento para o consumidor, absorver parte do impacto ou até ajustar a margem de lucro, o que pode resultar em um preço ainda mais alto nas bombas.
José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (sindicato que representa os postos em São Paulo), acredita que os postos não irão aumentar a margem de lucro, mas apenas repassarão o aumento das distribuidoras devido à alta concorrência no setor.
Comunicados das distribuidoras
Entre as três maiores distribuidoras do país, apenas a Ipiranga formalizou o comunicado aos postos, informando sobre o reajuste dos preços de gasolina, etanol e diesel em resposta à MP 1.227/24. A Vibra (antiga BR Distribuidora) e a Raízen (Shell) ainda não emitiram comunicados formais, mas os sindicatos confirmaram que estão em conversas com seus revendedores sobre o aumento.
Pressão política
Emílio Martins, presidente do Recap (sindicato que representa postos na região de Campinas), vê o aumento como uma estratégia de pressão do setor para que o Congresso rejeite a MP ou para que o governo a retire. Ele argumenta que o governo não quer um aumento de preços que possa influenciar na inflação, o que seria desfavorável.
Até o final desta segunda-feira, 10, o Ministério da Fazenda não havia se pronunciado sobre todos esses questionamentos.