Por Douglas Ferreira
Mais um caso de abuso por parte de um médico, desta vez de natureza sexual em um consultório médico, veio à tona no Piauí. O incidente teria ocorrido em Teresina, no mês de abril do ano passado, mas somente agora veio a público.
O que torna esse caso particularmente intrigante é que envolve um médico e um paciente do sexo masculino. O homem, que prefere não ter seu nome revelado, acusa um cardiologista de abuso sexual durante uma consulta em um hospital de Teresina.
O caso ganhou destaque nesta quarta-feira, após a vítima compartilhar sua experiência em uma entrevista ao repórter Kilson Dione, da TV Meio Norte.
De acordo com o relato do paciente, ele teve contato com o médico para realizar o exame Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial – MAPA, e receber os resultados com o mesmo profissional. Na primeira consulta, ele alega que o cardiologista colocou a mão em seu órgão genital enquanto ele estava parcialmente despido e deitado em uma maca.
O paciente descreveu: “Ele viu meus exames, disse que estava tudo ok, mas precisava me examinar melhor. Aí ele colocou a mão no meu peito e me mandou deitar na maca. A partir disso, ele começou a bater nas minhas laterais e disse ‘olha, você vai ter que descer as calças para eu poder examinar o senhor’.
Ainda segundo o paceintes, “Ele começou a pegar no meu órgão genital e falou ‘se você sentir uma ereção, não se preocupe, é normal’. Eu fiquei imóvel, fiquei com medo, fiquei neutralizado”.
O paciente afirmou que, mesmo atordoado com o atendimento, decidiu entrar em contato com o cardiologista para receber os resultados do MAPA após o médico relatar uma alteração nos seus batimentos cardíacos.
“No dia seguinte, ele falou que eu estava com uma alteração [nos batimentos cardíacos] e que deveria retornar ao consultório dele. Lá, ele olhou meu MAPA e passou a fazer o mesmo procedimento, apalpando minha barriga e pediu para eu descer as calças. Quando eu levantei, ele colocou a boca dele no meu órgão genital. Eu peguei e saí da maca xingando ele, disse que iria denunciar”, relatou.
O paciente denunciou o médico ao plano de saúde, mas alega que não foi atendido corretamente pelos profissionais, que supostamente negligenciaram a situação. “Eu tive que falar que o cara abusou de mim, fez tudo aquilo no meio das pessoas. Me puxaram pelo braço, chamaram o médico para me examinar e só depois colocaram no computador tudo que tinha acontecido”, disse.
A vítima disse ainda que procurou a polícia e foi orientada a fazer um Boletim de Ocorrência (BO) no dia seguinte. “Eu fui na delegacia de polícia, registrei boletim de ocorrência e falei com o delegado Matheus Zanatta. Ele prontamente pegou uma junta de policiais e fez todos os procedimentos, colheram depoimento, me deram assistência na hora e aí eu fiquei esperando a Justiça. Quando foi agora, eu soube que houve um julgamento sem a minha presença”.
Ele alega que outra pessoa também relatou ter sido vítima de estupro pelo mesmo cardiologista.
“Eu espero de verdade que alguém pare esse cara porque isso não aconteceu só comigo, tem outra pessoa que também passou por isso e que tem medo de se manifestar. Nem todo mundo tem coragem de fazer o que estou fazendo agora”, concluiu.
Em resposta, o Conselho Regional de Medicina (CRM/PI) afirmou que está aberto para ajudar na apuração de denúncias contra a conduta de profissionais médicos. A nota do CRM/PI destaca que todas as denúncias são apuradas pela Corregedoria, seguindo procedimentos específicos, e que, se comprovada a infração ao Código de Ética Médica, o médico estará sujeito às penalidades previstas na legislação.
O que diz o artigo 213 do Código Penal?
Art.: 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.