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Publicado em: 14 junho 2024 às 17:54 | Atualizado em: 14 junho 2024 às 18:13

Greve nas federais: Governo não negocia salários e a paralisação continua em 61 instituições

Por Douglas Ferreira

A greve dos professores já dura dois meses e envolve 61 instituições – Foto: Reprodução

A greve dos professores das universidades e institutos federais, que já dura dois meses e envolve 61 instituições em todo o Brasil, parece estar longe de um desfecho. A posição intransigente do governo federal em não discutir questões salariais com os grevistas agrava a situação. Após uma nova tentativa de negociação nesta sexta-feira (14), os professores decidiram manter a greve, pois o governo mais uma vez ignorou as reivindicações salariais.

Os professores, que em sua maioria apoiaram expressivamente o então candidato Lula da Silva, do PT, sentem-se agora traídos e indignados e expressão isso nas assembleias e também em vídeos na internet. Eles esperavam que o presidente, conhecido como o ‘pai das greves’ no Brasil, fosse mais receptivo às demandas da categoria, especialmente no que diz respeito aos salários. No entanto, essa expectativa revelou-se um grande equívoco.

Embora os representantes do governo tenham mostrado disposição para negociar outros aspectos, como a revogação da portaria 983, que amplia a carga horária dos docentes, e a criação de um grupo permanente de trabalho para discutir a reestruturação da carreira acadêmica, não foi apresentada nenhuma proposta de reajuste salarial para 2024. Isso levou os professores, representados pelo Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), a decidirem pela continuidade da greve.

O sindicato reivindica um aumento de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio de 2026. Em contrapartida, o governo oferece apenas 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. As propostas do governo serão levadas às assembleias nas universidades na próxima semana, mas a expectativa é de uma rejeição maciça da oferta, o que aumentará a pressão por um aumento salarial.

Apesar das pressões, o governo anunciou, na segunda-feira (10), um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para as universidades federais e hospitais universitários, com previsão de R$ 5,5 bilhões em investimentos. O ministro da Educação, Camilo Santana, também anunciou um acréscimo de R$ 400 milhões para o custeio das instituições federais, elevando o orçamento de 2024 para R$ 6,38 bilhões, um valor superior aos R$ 6,26 bilhões de 2023.

Além de contemplar as instituições já existentes, o novo programa prevê a construção de dez novos campi em diversas regiões do país. No entanto, mesmo com o aumento orçamentário, a presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitora da UnB (Universidade de Brasília), Márcia Abrahão, reiterou a necessidade de uma solução para a questão salarial dos servidores das universidades.

A declaração do presidente Lula, cobrando o fim da greve e afirmando que “não há razões para a continuidade do movimento”, apenas aumentou a irritação dos servidores, que se sentem desrespeitados e negligenciados pelo governo que ajudaram a eleger.