Por Douglas Ferreira
A greve dos professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que começou em 28 de maio, foi sufocada pelo governo, forçando a categoria a retroceder. O Sindicato dos Trabalhadores da UFPI (Sintufpi) considera que alguns avanços foram alcançados, como ganhos salariais para 2025 e 2026, mas os professores terão que amargar um reajuste zero em 2024, exatamente como desejava o Ministério da Educação (MEC). Em outras palavras, o governo saiu vitorioso nessa disputa com os professores e servidores.
Os servidores administrativos da UFPI decidiram nesta segunda-feira (1º) pelo fim da greve, que durava 113 dias. A paralisação foi iniciada desde 11 de março de 2024. Na quinta-feira passada (27), os professores também decidiram pelo término da greve.
Segundo Bartolomeu Carvalho, presidente do Sintufpi, a categoria conseguiu avanços significativos nas principais reivindicações. Ele cita: recomposição do orçamento das universidades, reestruturação da carreira e recomposição salarial. No entanto, a vitória é parcial, pois a luta por reajuste em 2024 foi perdida.
“Em 2025, teremos um reajuste de 9% para todos, ativos e inativos, e em 2026, um reajuste de 5%. Além disso, conquistamos reajustes variados nos auxílios creche, saúde e alimentação. Nossa fala é de agradecimento a toda a categoria. Saímos dessa greve com avanços, mas reconhecemos que o governo conseguiu impor suas condições para 2024”, afirmou Carvalho.
Retorno das atividades nos campi
Os professores da UFPI decidiram pelo fim da greve após assembleias realizadas nos campi de Teresina, Picos, Floriano e Bom Jesus. As datas de retorno às atividades são:
- Teresina: 3 de julho
- Picos: 3 de julho
- Floriano: 1 de julho
- Bom Jesus: 1 de julho
Contexto nacional
Professores de outras universidades federais também decidiram encerrar a greve nacional, que começou em abril deste ano, após a aprovação da proposta de reajuste salarial enviada pelo governo do presidente Lula da Silva. A greve nacional será oficialmente finalizada até 3 de julho.
Escolástica Santos, presidente da Associação de Docentes da UFPI (Adufpi), destacou que, apesar das negociações para o reajuste de 2024 não terem avançado, a categoria conseguiu garantir aumentos para 2025 e 2026. “O reajuste será de 9% para 2025 e 3,5% para 2026. Embora nossa perda salarial chegue a 40% e estivéssemos pedindo 21%, conseguimos avançar em outras pautas”, explicou Santos.
Greve na UFPI e IFPI
A greve dos professores da UFPI foi deflagrada em 28 de maio, e a suspensão das atividades estava prevista para 3 de junho. No Instituto Federal do Piauí (IFPI), os professores iniciaram a greve em 15 de abril, e os servidores administrativos de ambas as instituições aderiram ao movimento em 11 de março.
A greve foi marcada por intensas negociações e mobilizações, mas o desfecho mostra que, nesta rodada, o governo federal conseguiu impor suas condições, deixando os professores e servidores com um gosto amargo, mas com algumas conquistas para os próximos anos.